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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Um "monstrorista" em Porto Alegre













Leia mais:

- Não foi acidente, por Thiago Benicchio;

- O Monstrorista de Porto Alegre, por Renata Falzoni;

- Sobre a tentativa de assassinar ciclistas em Porto Alegre, por Willian Cruz;

- Quando o Respeito é atropelado, por Ana Paula Montenegro;

- Protesto pela paz no trânsito, com respeito aos ciclistas, por Cristina P. Rodrigues;

- Acusado de atropelar ciclistas tem histórico de multas e processos, por Solange Spigliatti;

- Brazil Critical Mass Ride Attacked By Murderous Motorist, na Bicicletada de São Francisco, EUA.



Se você ainda desconhece, entenda o que é a Bicicletada:

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Uso racional do automóvel

Motoristas deixam carro próprio por independência e economia

Brasileiros que adotaram o sistema de carro compartilhado contam seus motivos e como se sentem dividindo o carro com desconhecidos

* por Verônica Mambrini, iG São Paulo | 04/02/2011 09:51


Há seis meses, o executivo Álvaro Luis Cruz, 47 anos, trocou seu carro por vários. “Percebi que usava o carro apenas de fim de semana”, diz o executivo, que faz o trajeto de ida e volta do trabalho quase sempre a pé ou de bike. Ao descobrir que São Paulo já tinha uma empresa oferecendo o serviço de car sharing, ou carro compartilhado, semelhante ao que conheceu nos Estados Unidos, fez sua inscrição. Desapegou do status de dono de automóvel, vendeu seu carro e, sempre que precisa visitar a família ou fazer compras, usa o aluguel por hora, que é a base do sistema. “Como minha filha tem carro, nem sinto tanta falta do meu.”


Foto: Eduardo Cesar/ Fotoarena
O executivo Álvaro Luis Cruz e a aposentada Jacy Martins de Oliveira compartilham um dos carros do sistema paulistano


Ser dono do próprio carro não é mais tão importante para alguns paulistanos. Seja por causa do custo com estacionamento, IPVA, seguro e manutenção, pela dificuldade em parar o carro em alguns bairros da cidade e até pela ideia de contribuir para a diminuição do número de automóveis nas ruas, cerca de 300 pessoas decidiram abrir mão de seus automóveis para usar o serviço, que, no Brasil, por enquanto está disponível apenas na capital paulista.

Foi também o gosto por novidades que levou Álvaro a experimentar o carro coletivo. “Parece mágico: é só passar o cartão no vidro da frente e o carro é liberado. A locação tradicional é muito chata, tem que preencher contrato, atender burocracias. Agora contrato por fone, chego no horário agendado e saio dirigindo.” Contudo, a tecnologia não afasta pessoas menos conectadas. A aposentada Jacy Martins de Oliveira, de 70 anos, realizou seu “sonho de consumo”: sai por aí faceira, dirigindo um Smart, um dos sete modelos que a Zaz Car oferece, e sem risco de ser roubada, receio que ela teria se comprasse um carro de valor mais elevado. “Pego o carro e resolvo em um dia da semana tudo que eu preciso. É prático, barato e sempre estou em um carro limpo, novo e bom. Contabilizando o que você não paga de estacionamento, seguro e outras despesas, para mim vale muito a pena”.

Como funciona

O que difere o sistema de car sharing do aluguel tradicional de carros é a flexibilidade no uso e facilidade de agendamento. O usuário contrata um plano de acordo com a frequência com que vai usar o serviço, paga uma taxa por hora e a quilometragem rodada acima de 100 km. Em caso de acidente, a franquia é por conta do motorista. O combustível já está no preço e o pagamento é mensal, debitado do cartão de crédito. Há uma anuidade de R$ 35 e o custo da hora varia entre R$ 21,90 e R$ 8,90, de acordo com o plano.

Há inconvenientes, por exemplo o fato de o carro ter que ser retirado e devolvido sempre no mesmo lugar. Como as pessoas tendem a escolher pontos de retirada próximos de suas casas, acabam dividindo o carro sempre com os mesmos motoristas. A sensação de compartilhamento é aumentada pelo sistema de vistoria: ao destravar o carro, os próprios usuários auditam o cliente anterior, respondendo se há avarias e se está limpo. “Eu cuido como se fosse meu porque vou usá-lo de novo”, diz Álvaro, que afirma ter reduzido em 25% seus custos com transporte. Além da economia, para ele a decisão foi uma questão ideológica. “Resolvi avaliar o impacto das minhas ações no meio ambiente. Cada um tem algo a fazer pelo trânsito da cidade”, afirma.

Comum na Europa há cerca de dez anos e crescente em lugares como China e Estados Unidos, o serviço de car sharing estreou no Brasil há um ano e meio, em São Paulo, com 13 carros que atendem cerca de 300 pessoas. “O serviço é muito pertinente para a cidade”, diz Felipe Barroso, sócio da Zaz Car. São onze pontos de retirada e entrega dos carros, em estacionamentos conveniados 24 horas. “Fizemos um posicionamento estratégico com outros pontos de transporte; parte dos pods (locais de estacionamento e retirada) é alinhada com a linha verde do metrô, por exemplo”, diz Barroso. Jacy e Álvaro, por exemplo, moram na região da Paulista e além do uso do carro, se deslocam também por outros meios de transporte, como metrô, ônibus e trajetos feitos a pé ou de bicicleta.

Impacto na cidade

Os defensores do sistema afirmam que é uma opção que permite utilizar transporte individual de forma mais racional, usando o carro apenas quando realmente necessário. O cientista político e especialista em mobilidade sustentável Eric Britton afirma que um sistema de transporte eficiente precisa oferecer opções. “São Paulo precisa de três coisas para o car sharing funcionar: regulamentação clara, que qualquer empresa possa seguir, estacionamentos com vagas preferenciais para o sistema e incentivo massivo. A prefeitura tem que dar o exemplo; em vez de apenas carros oficiais, ter dois ou três carros na frente da prefeitura, usados constantemente. O prefeito tem que se deslocar assim”, disse ao iG.

A vantagem para a cidade é enorme: em Shanghai, na China, estima-se que cada carro compartilhado tire seis carros da rua; o sistema ZipCar, disponível em diversas cidades dos Estados Unidos e em Londres, retira das ruas entre 15 e 20 veículos particulares por carro coletivo. “Números expressivos de car sharing representam menos gente estacionando em vagas públicas e circulando”, afirma Britton. De acordo com um estudo do Instituto de Políticas de Transporte de Victoria, no Canadá, quem adere ao compartilhamento de carro passa a depender entre 40% e 60% menos do automóvel. “Você transforma custo fixo em variável; ou seja, você mede de forma objetiva o valor do deslocamento. Ao longo do tempo, você utiliza menos o carro”, afirma o sócio da Zaz Car.

Além de benefícios para a cidade, a economia pessoal pode valer a pena. Segundo Barroso, para quem usa o carro por menos de 20 mil quilômetros por ano, a troca já é interessante. “Vamos estimar que manter um carro custe cerca de R$ 10 mil por ano. Um jovem casal pode economizar muito sem perder qualidade de vida abrindo mão de um dos veículos e usando um carro compartilhado eventualmente”, diz Britton. “É difícil mudar a mentalidade das pessoas, mas 13 carros já é um excelente começo”.

Atualmente a taxa de uso da única empresa do Brasil é de três horas por dia em média, por carro, o que torna fácil encontrá-los disponíveis a qualquer hora. Mas, com um uso mais intenso, isso pode se tornar uma dificuldade para o usuário, que pode ficar na mão em emergências e ter de recorrer a uma alternativa como o táxi.

Por ora, Jacy comemora ter se livrado da espera por um táxi aos fins de semana, bem difíceis de conseguir, segundo ela. A única queixa da aposentada, que já está sem carro há dois anos, é que no pod mais próximo de sua casa não há modelos automáticos – “e falta um manobrista para levar e trazer até a porta de casa”, brinca.


Leia também:

- Carro: casar ou só ficar?

- Carros comunitários em Barcelona


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Menos emissão com mais informação


* por Thiago Guimarães

Você trocaria o carro pela bicicleta ou pelo transporte público para ir ao trabalho apenas por conta de uma campanha de conscientização? Qual o papel da propaganda na promoção das formas de transporte mais sustentáveis e na defesa do meio ambiente?

São perguntas interessantes, com respostas incertas. O professor Oscar Reutter tentou descobrir o papel de campanhas sobre o comportamento dos cidadãos com relação à escolha do modo de transporte. Para isso, ele concebeu um experimento na Alemanha. Afinal, se as campanhas de saúde pública podem trazer resultados tão bons, por que as campanhas para um transporte mais saudável iriam fracassar?

Para despertar a atenção do público e reduzir o número de deslocamentos com o automóvel, mensagens publicitárias elaboradas com um pouco de criatividade foram dispostas em banners, outdoors e pôsteres gigantes. Em uma rua qualquer: “Corpinho sarado, hein? Por acaso ciclista?”. Perto de um bicicletário: “Vagas reservadas para os heróis do clima” (foto). No caminho do colégio: “Senhores pais, deslocamentos de carro até a escola recebem nota zero”.

O objetivo do experimento, financiado pelo Ministério do Meio Ambiente, era promover os trajetos a pé ou de bicicleta – principalmente para aqueles deslocamentos curtos, de menos de 5 quilômetros. A campanha foi iniciada em quatro cidades alemãs de diferentes perfis – Bamberg (70.000 habitantes), Dortmund (580.000), Halle (230.000) e Karlsruhe (290.000). Depois, a campanha foi expandida a outras cidades, incluindo Berlim.

Reutter relata e comenta os primeiros resultados da campanha Kopf an, Motor aus! (“Ligue a cabeça, desligue o motor!”, em tradução livre) nessas quatro cidades, em um artigo publicado pela revista Planerin. O pesquisador relata que as mensagens da campanha chegaram a dois terços dos habitantes e que mais da metade deles foram de alguma forma influenciados por ela.

26% dos que se lembram da campanha disseram ter mudado a forma de se locomover e hoje utilizam mais frequentemente a bicicleta ou fazem suas viagens a pé. Os resultados variam entre as cidades – moradores de grandes cidades tendem a ser mais resistentes às mudanças do que os habitantes das cidades menores.

No entanto, por meio da campanha, estima-se que 13.650 toneladas de dióxido de carbono deixaram de ser emitidas nas cidades, com um investimento de 1,2 milhão de euros (custo total da campanha em 2009). Meios de persuasão podem ser uma alternativa mais eficiente para preservar o meio ambiente do que a adoção do biodiesel ou a adaptação dos automóveis para a eletromobilidade, conclui Reutter.

Será que no Brasil conseguiríamos ser um pouco mais criativos e adicionar esse ingrediente nas políticas de transporte? Sai mais barato e, se bem feito, traz resultado.

Foto: Banner da campanha de conscientização em um bicicletário de Karlsruhe

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Questões do blog:

- Você acredita que apenas as propagandas seriam suficientes para transformar a "cultura automobilística" do brasileiro numa cultura mais preocupada com a sustentabilidade? Você acha que a propaganda é capaz de mudar comportamentos?

- Você não acha que, além da propaganda, a oferta de infraestrutura que favorecesse o trânsito de bicicletas e de transporte coletivo seriam fundamentais?

- Será que já não está na hora de pararmos de nos lamentar dizendo: "... se o transporte público fosse bom, eu usaria...", "... se houvesse ciclovias, eu iria trabalhar de bicicleta..."? Será que não percebemos que essa nossa lamentação não vai mudar em nada o quadro de mobilidade da nossa cidade? O que podemos fazer para pressionar os responsáveis pelo assunto a implementarem tais mudanças?

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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Os (desagradáveis) passeios públicos


Na semana passada, a TV Gazeta mostrou o estacionamento de veículos nos passeios públicos de Maceió. Há pouco mais de um ano, postamos aqui no blog, sobre a qualidade dos passeios. Ontem (10), a TV Gazeta fez uma reportagem tratando do mesmo assunto.





Na matéria, o engenheiro da SMCCU confirma o que dissemos em janeiro de 2010: a prefeitura não tem estrutura para fiscalizar todos os passeios que são construídos e punir aqueles que não os constroem (ou não os mantêm). Ok. Isso nós já sabíamos. Mas, e aí? Então deixa pra lá? Fica por isso mesmo? A prefeitura atesta sua incompetência de gerir os espaços públicos de Maceió?

Não seremos repetitivos, mas vamos continuar apontando o problema. Há um artigo no Código de Edificações e Urbanismo que diz que o proprietário do lote adjacente ao passeio é responsável por sua construção e manutenção. Alguns participantes da Bicicletada de Maceió (mesmo antes dela existir de fato), já tentavam mudar esse artigo em discussões na Câmara de Vereadores, quando do debate sobre o Código, na sessão do dia 13/09/2006.

Naquela ocasião, um dos participantes da Bicicletada argumentava que o artigo deveria ser suprimido da lei e que a responsabilidade pelo passeio público deveria ficar a cargo do poder público. O procurador do município alegou que a prefeitura não tinha dinheiro para construir calçadas e que “esta era a melhor forma de gerir o espaço público: a prefeitura pavimentando o leito carroçável e cada morador fazendo sua calçada”. Como de costume, aqueles que controlam o microfone têm o poder de finalizar a discussão e dar o assunto por encerrado.

Este foi um dos fatos que motivou a criação da Bicicletada de Maceió. Algumas pessoas, descontentes com a classe política (que não parece representar o povo, mas os interesses daqueles que financiaram suas campanhas), decidiram não mais dialogar com vereadores ou prefeitos. Como movimento anarquista, o que a Bicicletada busca é o diálogo com a sociedade. Nutrir a sociedade de informação para que ela sim tenha poder de pressionar seus representantes.

Porém, ontem mesmo, outra reportagem da TV Gazeta mostrou que a população desconhece o direito que tem de participar das decisões tomadas pelos políticos.





Talvez o tema dos passeios públicos não tenha tanta relevância para os vereadores, já que os mesmos não costumam se deslocar a pé pela cidade, assunto que também já foi tratado em postagem recente.

Se você costuma se deslocar a pé pela cidade e está descontente com a péssima qualidade dos passeios públicos de Maceió, compareça à Câmara e provoque o vereador que você elegeu para que seja suprimido o artigo 339 da lei municipal 5.593/07.

A desculpa usada pelo procurador do município, há pouco mais de quatro anos, de que não há dinheiro nos cofres públicos para pavimentar calçadas, parece não ser mais verdadeira. Como disse o vereador, na reportagem, em tom de exclamação, o orçamento de Maceió é de R$ 1,5 bilhão. Ou seja, dinheiro não falta, basta que seja bem aplicado.


Leia também:

- Passeio público, responsabilidade privada

- Pernas, pra que te quero?

- Quem se incomoda?



quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Troque seu carro por sua vida

Com tantas facilidades de financiamento, o carro que há 2 décadas era um utilitário conquistado por um pai de família de classe média/ classe média alta, hoje pode ser conquistado até mesmo por jovens com menos de 20 anos.

O investidor Bruno Yoshimura, um dos articulistas do blog Investidor Jovem alerta sobre os gastos anuais com um carro popular do tipo Totalflex.

Além da parcela do carro, o proprietário deve medir se está disposto a comprometer parte da sua renda com as despesas de um carro.

Modelo do carro: Gol City 1.0 Totalflex

Valor do carro zero: R$ 27.676,00

Gastos fixos (R$ 3.968,00)

• IPVA 4% – R$ 1.383,80/ano
• Seguro obrigatório - R$ 85,00/ano
• Seguro - R$ 2.500,00/ano (perfil jovem)

Despesas (R$ 3.043,91)

• Depreciação (5% ao ano – estimativa pelo site da FIPE) R$ 1.383,35/ano
• Custo de oportunidade= R$ 1.660,56/ano
Gastos Variáveis (R$ 2.528,00)
• Manutenção e peças (pneus, filtro de óleo e ar, pastilhas, fluídos) – R$ 750/ano
• Troca de pneus a cada 2 anos = R$ 1.000,00 = R$ 500/ano
• Estacionamento – R$ 150,00
• Combustível - R$ 1.128,00/ano

Perfil do Carro: Movido a Álcool (8km/l R$ 1,25/l 600km/mês)

Total: R$ 9.539,91/ano
Total: R$795,00/mensal

A pesquisa de gastos foi feita no ano de 2008. De lá para cá, vários itens sofreram reajustes, por exemplo o combustível, o IPVA e o Seguro.

O que você pode fazer com 795 reais mensais?

Conquistar seu primeiro AP: pelo programa Minha Casa Minha Vida, existe parcelas compatíveis até mesmo com o salário de quem ganha um mínimo.

Pagar uma boa universidade: na cidade de Maceió os cursos mais caros custam em média 800 reais. Em universidades nacionais de mais renomes como a PUC, um curso de graduação em Educação Física, Ciências Biológicas, Teologia, Química, Matématica, custam perto de R$ 800,00 no Rio Grande do Sul. Os cursos de Letras, História, Geografia e Física custam ainda menos.
Até fazer mestrado e doutorado cabe na despesas de um carro. Ainda na PUC-RS, os cursos de stricto sensu custam R$ 794,76 nas áreas de Educação, Educação em Ciências e Matemática, Filosofia, História, Letras, Serviço Social, Teologia.

Viagens: Existe forma melhor de aproveitar a vida? Um pacote de viagem para 9 dias em Cancún custa 10x de 626.20 pela CVC; para a Republica Dominicana a parcela custa R$ 510,00; conhecer as Cataratas do Iguaçu custa apenas 1x só de R$ 558,00; 11 dias na Disney sai por 10x 316,45. Todos com passagem áreas e hospedagem incluídos.

Pela CI um mochilão de 7 noites pela Escandinávia sai por 5x de 370,00 com passes de trem, hospedagem, passeios, café da manhã e seguro saúde inclusos. As cidades visitadas são: Oslo na Noruega, Estocolmo na Suécia, Copenhagem na Dinamarca. Incluindo a parte aérea a viagem sai por menos de 5x de 700 reais.

Se o viajante ainda economizar bem, é possível fazer mais de uma viagem internacional por ano. Pela valorização do Real, destinos pela América do Sul se tornaram muito barato para o bolso do brasileiro. Pode-se fazer todos os anos uma viagem para destinos mais caros como Estados Unidos, Europa, África e outra para Argentina, Chile, Peru, apenas com o valor que se gastaria com as despesas de um carro. Destinos mais caros como China, Dubai, Austrália ainda cabem nas suas despesas com o carro.

Praticar Windsurf: Em Maceió, 8 aulas de Windsurf custam R$ 190,00. Após o termino do curso, para continuar no esporte, o aluguel do equipamento custa R$ 50 a hora. Se quiser ter seu próprio equipamento os valores podem variar de R$ 3000,00 até onde seu bolso deixar. Não é preciso nem ter carro para transportar o equipamento. O instrutor Rodrigo (tel: (82)8823-6536) fez uma adaptação para sua bicicleta.


Scuba Diving: O Curso básico em Maceió, custa em média R$ 600,00 e te habilita a mergulhar 20 mts. Já o avançado te habilita a mergulhar 40 mts e custa em média R$ 1000,00. Depois de habilitado, os mergulhos de praia, saem R$ 100 (incluindo no valor o aluguel do equipamento). Mas se você tem o equipamento, que custa em média R$ 2500, e um amigo mergulhador só precisará pagar R$ 20 pelo aluguel ou recarga do cilindro. Já nos mergulhos embarcados, as operadoras cobram em média R$ 200. Praticar Scuba Diving já é um pouquinho mais caro que Windsurf. Mas ainda bem mais barato que manter seu carro por um ano.

Não é difícil encontrar o que fazer com R$9.000 por ano. Entretanto mesmo diante de um leque gigantesco de possibilidades a maioria dos brasileiros abre mão de uma vida mais intensa, divertida e agradável para pagar e manter um carro. Um dos motivos da troca é a dedicação da industria automobilistica em convencer o consumidor que um carro o trará uma vida de aventuras.




Mas os Jornais mostram outra realidade aos usuários de transporte individual:





Leia mais:

- Liberte-se do vício

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Descentralização: a quem interessa?


Foi anunciada hoje, na imprensa, a possível mudança da sede da Câmara de Vereadores da Praça Deodoro, no Centro, para o bairro do Tabuleiro do Martins. Esse é um assunto bastante discutido entre os vereadores, que em sua maioria apoiam a ideia, em diversas sessões da casa.

A principal razão apontada pelos vereadores seria a falta de estacionamento e a dificuldade de acessar o Centro (de carro). Ora, o Centro ainda é um bairro com uma das melhores acessibilidades na cidade. Inúmeras linhas de ônibus convergem para o Centro, além de estar próximo (cerca de 5 km) de bairros bastante populosos, como Jacintinho e Vergel e, em processo de adensamento, como a Ponta Verde e o Farol.

A Praça Deodoro, bem como todo o calçadão do Centro, e o próprio edifício sede foram reformados recentemente. O VLT de Maceió funcionará, em breve, fazendo a ligação do Centro aos bairros da periferia e da Região Metropolitana de Maceió. Também não se pode deixar de mencionar o valor histórico do bairro do Centro e o papel das repartições públicas na preservação do patrimônio arquitetônico. Não estaria havendo uma dissonância entre os órgãos de planejamento urbano da Prefeitura de Maceió, que pretendem "trazer vida" ao Centro, e os Vereadores, que pretendem "fugir" do Centro?

É sabido que as razões para a Universidade Federal de Alagoas – UFAL ficar tão distante do centro da cidade tem intenções militares que, à época da ditadura, queriam evitar a formação de motins, por parte dos estudantes, que pudessem contrariar o regime. Consegue imaginar como seria diferente a vida na cidade se a UFAL ficasse na região central? A atual distância prejudica a vida de milhares de estudantes que precisam realizar deslocamentos pendulares todos os dias, além de isolar a universidade da própria sociedade.

Não queremos nos posicionar favoráveis ou contrários à mudança da Câmara de Vereadores. A mudança pode beneficiar uma parcela da população, como pode prejudicar uma outra parcela. O que queremos mostrar aqui é o processo de descentralização (ou pulverização) que a lógica do automóvel provoca na cidade.

Depois que o automóvel entope todas as ruas de um bairro, tornando-o um inferno para aqueles que o utilizam para se delocar, logo procura-se outra região da cidade para ser o "novo vetor de crescimento" (expressão que as imobiliárias gostam muito de usar). Como não há qualquer sinal de reestruturação do transporte coletivo, dificulta-se a acessibilidade daqueles que o utilizam. E, para os que se deslocam a pé ou de bicicleta, as distâncias ficam cada vez maiores e cada vez mais difíceis de serem vencidas, tornando a cidade dependente do motor.

Para beneficiar meia dúzia de vereadores (os que realmente comparecem às sessões) que se deslocam de carro, tornaremos mais difícil o acesso de milhares de maceioeneses que se deslocam a pé, de bicicleta e de ônibus. Na sua opinião, quem deve bater o martelo sobre a mudança da Câmara de Vereadores?

a) o prefeito, que quer dar um presente aos vereadores depois de ter sido vetado (por parte do Ministério Público) o aumento salarial pretendido pelos mesmos;

b) os vereadores, que talvez não estejam tão interessados na participação da população em suas sessões que, quanto mais "escondidas", melhor;

c) o povo, que é a quem a Câmara de Vereadores deve servir e que paga, através de seus impostos, para que ela funcione.


Apenas para concluir: a Câmara de Vereadores deve facilitar a vida do cidadão que deseja acompanhar e fiscalizar a atividade de seus representantes ou a opção que os vereadores fizeram pelo automóvel? Já que, para eles, transporte, saúde e educação pública devem ser destinados apenas aos pobres, não a eles.

Se alguém tiver algo a se opor à mudança, a hora de reclamar é agora, porque, depois, vão dizer que a obra já foi licitada e não tem mais como voltar atrás.


Leia mais:

- Almeida acena com construção de nova sede da Câmara

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Quem se incomoda?


Ontem (02), a TV Gazeta exibiu uma reportagem sobre o estacionamento de veículos nos passeios públicos de Maceió. Esse é um problema histórico e muito comum em nossa cidade. Entra prefeito e sai prefeito, entra superintendente e sai superintendente e o problema não se resolve, pelo contrário, acentua-se cada vez mais.



A nosso ver, o problema é causado basicamente por duas razões. Primeiro, os passeios públicos de Maceió (e da maioria das cidades brasileiras) não são tratados, pelo poder público, como espaços públicos de fato. Segundo, a elite política maceioense, aquela capaz de influenciar prefeito e vereadores, não costuma circular a pé pela cidade e, por isso, não sentem o problema. Explicamos:

Com relação à privatização dos passeios públicos, o fato deve-se a um artigo presente no Código de Edificações e Urbanismo de Maceió que diz o que segue:

Lei Municipal n.º 5.593, de 08 de fevereiro de 2007. Código de Urbanismo e Edificações do Município de Maceió:

Art. 339. Compete ao proprietário ou possuidor do lote ou terreno a construção, reconstrução e conservação dos passeios públicos em toda a extensão da sua testada, em logradouros providos de meio-fio.


Ou seja, de acordo com a lei, o poder público é responsável pela pavimentação e conservação do leito carroçável (local de circulação dos veículos), enquanto cada morador é responsável pelo trecho do passeio público (local de circulação de pedestres) que fica em frente ao seu lote. Com isso, o que observamos é uma colcha de retalhos, onde cada morador executa o passeio da altura que deseja e utilizando o material que bem entende.

Já imaginou como seria se fosse o contrário? E se a prefeitura se responsabilizasse pela pavimentação das calçadas e deixasse a cargo do proprietário do lote a pavimentação do leito carroçável?

Nos estabelecimentos comerciais, na maioria dos casos, o passeio público é utilizado para estacionamento de veículos. A prefeitura, que está mais preocupada com a “fluidez” dos automóveis que com a segurança dos pedestres, prefere fazer vista grossa para o fato.


Com isso, tocamos na segunda questão que apontamos. A elite política maceioense não costuma se deslocar a pé pela cidade. Saem da garagem de casa de carro, estacionam o carro no shopping center, no escritório... comem na lanchonete drive-thru... Tudo é feito dentro de um carro.



Para essas pessoas, calçada é sinônimo de acostamento ou estacionamento. Para elas, os pedestres são empecilhos à boa fluidez do trânsito (de automóveis). Desejariam que eles nem existissem.



A solução que a prefeitura, mais especificamente o setor de aprovação de projetos da SMTT, tem buscado para “amenizar” o problema não tem alcançado grande êxito. Permitem que o recuo do imóvel seja utilizado como estacionamento ou, em alguns casos, a inversão de posição do passeio público e das vagas. Dessa forma, os pedestres não conseguem ter um deslocamento retilíneo e tranquilo, pois precisam estar constantemente desviando dos carros ou sendo incomodados com os carros que entram e saem das vagas.


Além de tudo isso, a utilização dos passeios públicos como estacionamento não permite que sejam plantadas árvores, que tornariam os deslocamentos dos pedestres mais confortáveis, com um clima mais ameno. O clima é uma das razões apontadas pelos motoristas (que vivem trancados dentro de jaulas de vidro com ar-condicionado) para não se deslocarem a pé pela cidade.

Exemplo de uma rua em Praga, na República Tcheca


Na Europa, há suas exceções, mas no geral a questão é tratada com mais seriedade pelo poder público, ou como protesto por alguns considerados “loucos” pela sociedade. O alemão Michael Hartmann decidiu andar sobre os carros que encontrava sobre as calçadas:






Como forma de coibir o estacionamento de veículos nos passeios públicos, algumas cidades europeias utilizam elementos que separam claramente o espaço dos carros do espaço dos pedestres.

Exemplo em Paris, na França.


Exemplo em Maceió

Em Maceió, também há suas exceções. Porém, na maioria dos casos, os veículos recebem mais atenção do que as pessoas. No entanto, quem se incomoda com isso?