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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

TRANS 2010-2020




A Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) realiza, nos dias 2 e 3 de dezembro, o Seminário TRANS 2010-2020. O encontro acontece no Hotel Ritz Lagoa da Anta. O objetivo é debater com a sociedade os desafios do Transporte e Trânsito na capital alagoana. As inscrições para o evento podem ser feitas pelo fone 3311-9074.

Fonte: SMTT / Maceió





Felizmente, podemos perceber um grande avanço no discurso da SMTT:

1) No reconhecimento de que o atual quadro da Mobilidade Urbana em Maceió se situa como parte de um processo histórico pelo qual algumas cidades já passaram (como algumas cidades dos países desenvolvidos) e outras cidades não deveriam nem pensar em passar (como as pequenas cidades do interior do Estado de Alagoas). O que podemos tirar como vantagem desse nosso "atraso" no processo histórico é que, assim como um irmão mais novo aprende com o mais velho a não cometer os mesmos erros que aquele já cometeu, a cidade de Maceió poderia aprender com os erros cometidos por outras cidades e pular certas etapas. A cidade de Brasília, construída em função do automóvel, já se mostrou ineficiente para aquilo que foi planejada. A cidade de São Paulo já nos mostrou que, quanto mais viadutos, pontes, tuneis e avenidas nós construímos, mais facilidade damos ao deslocamento de carros, fazendo com que mais pessoas comprem carros, voltando a congestionar novamente a cidade, alimentando o que os urbanistas chamam de "ciclo vicioso da mobilidade". Cidades como Copenhague e outras do norte europeu têm demonstrado que a restrição do uso do automóvel e o incentivo ao uso da bicicleta associada ao transporte coletivo tem trazido bons resultados;

2) No reconhecimento de que a Engenharia de Tráfego não consegue acompanhar o ritmo das vendas de automóveis nas cidades. Ainda bem! Se conseguisse, estaria reproduzindo o modelo de Brasília, uma cidade onde não há pessoas nas ruas, apenas carros se deslocando em altas velocidades;

3) No reconhecimento de que o transporte coletivo é a solução para a Mobilidade nas grandes cidades. Faltou apenas mencionar que a bicicleta também pode ser uma alternativa para os deslocamentos curtos (de até 6 km), mas nós damos um desconto, diante de tantos avanços percebidos nessa entrevista.


Torcemos para que não fiquemos apenas no discurso e possamos ver os avanços também na prática.


sábado, 27 de novembro de 2010

Última Bicicletada de Maceió do ano





... com um luau de confraternização no final.



Clique aqui para ver todas as fotos

domingo, 21 de novembro de 2010

Conheça a Lei de Jante

Fui checar se a Dinamarca é mesmo o país mais feliz do mundo. Com os dinamarqueses

* por Paulo Nogueira

Alegria contagia

NUMA ESCALA de zero a dez, qual é seu grau de felicidade?

Estou na Dinamarca, o país mais feliz do mundo, segundo um estudo feito por gente séria, e quero saber se os nativos concordam com isso. Faço a pergunta acima a algumas pessoas em Copenhague, depois de dizer que sou um jornalista brasileiro. São pessoas diferentes, mas em comum têm a afabilidade sorridente, o inglês fluente e uma alta taxa de felicidade. Todas se atribuíram oito.

Roy, 71 anos, é aposentado da Marinha. Ele parece ter 15 anos menos. Desempenado, cabelos fartos, penteados de lado. Está de uniforme quando falo com ele. Duas ou três vezes por semana, trabalha como guarda do Museu Arken, no balneário de Ishøj, a 15 minutos de Copenhague. Você chega ali por um trem silencioso em que uma placa mostra que conversas no celular não são bem-vindas. Há um vagão especial para o transporte de bicicletas, e ao lado das poltronas sacos plástivos verdes estão à sua disposição para que você não jogue lixo onde não deve.

“Passei por um período duro recentemente”, Roy diz. “Perdi meu pai.” Ele tinha 94 anos. “Mas em situações normais me dou oito, de zero a dez, em felicidade.” Roy estaria menos satisfeito se, com tamanha disposição, estivesse inteiramente recolhido em sua casa. Antes de me aproximar dele, eu o vira conversar com um grupo de colegas no museu. Estavam todos rindo. A conversa devia ser boa.

Roy pertence ao povo mais feliz do mundo

Duas jovens balconistas também se dão oito. Uma delas, Filippa, é sueca. Tem 31 anos, e vive em Copenhague. Filippa gosta do estilo dinamarquês. “Os suecos se preocupam com o que os outros pensam deles”, diz ela. “Os dinamarqueses se interessam pelo que eles pensam de si mesmos.” A Dinamarca é um país que cultiva a ironia, diz Filippa. Tinha que ser aqui, segundo ela, que um grupo de cartunistas faria charges zombateiras de Maomé, um episódio que teve desdobramentos trágicos. Um cálculo do jornal que publicou os desenhos em 2005, o Jyllands-Posten, fala em 150 mortos nas manifestações e atentados que se seguiram.

O frio é duro, ela faz questão de dizer. “Entre outubro e fevereiro, todo mundo fala que gostaria de mudar de país.” Filippa passou quatro semanas, no inverno passado, numa praia tropical. Quando o sol reaparece, a Dinamarca se rejubila. A questão do clima não é uma unanimidade. Uma engenheira sexagenária com quem falei num restaurante afirma que a Dinamarca é agradável sob qualquer temperatura. Ela tinha ido almoçar fora com a mãe, uma senhora alinhada, mas já não muito firme, de quase 90 anos. Como boa parte dos habitantes de Copenhague, a engenheira vai trabalhar de bicicleta. Está alguns quilos acima do peso, o que demonstra que bicicleta não faz milagres.

A outra balconista, Julie, 27 anos, é mais esquiva. Hesita em se deixar fotografar, e só aceita quando Filippa topa. Quer saber direito a revista para a qual escrevo. Digo que a Época é uma revista semanal, ao estilo da Time americana. Ela mostra receio de ser citada erroneamente. Tento tranquilizá-la. Julie amacia quando cantarolo Bob Marley. Ela fez seus cabelos ficarem rástas. Julie fala na Janteloven.

Julie e Filippa são a cara da Dianamarca

É, em dinamarquês, Leis de Jante. Jante é uma cidadezinha imaginária criada pelo romancista Aksel Sandemose em 1933 no livro Um Fugitivo Cobre Seus Passos. Os traços básicos dos habitantes de Jante refletem o dinamarquês médio. Foram agrupados nas assim chamadas Leis de Jante. Uma frase sintetiza o decálogo: “Você não é melhor que ninguém.” Logo, ninguém também é melhor que você. A Janteloven estimula a modéstia e a simplicidade.

Sandemose consagrou a essência da alma dinamarquesa: ninguém é melhor que ninguém

Os americanos acabaram dividindo a sociedade entre vencedores e perdedores, sendo que o critério um, dois e três é o dinheiro. Você tem hoje nos Estados Unidos uma sociedade obesa, neurótica e agarrada em horas alternadas a antidepressivos e calmantes. O declínio americano não é por acaso.

O dinamarquês leva a vida de outro modo. Vejo-os nas ruas, em bicicletas e capacetes multicoloridos, e sou tomado por uma vontade de sorrir.

Alegria contagia.


Leia também:

O brasileiro tem raiva da felicidade do dinamarquês

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Tirinha




quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O trânsito de Maceió tem solução!

27% de todos os deslocamentos na cidade de Freiburg (cidade ao Sul da Alemanha) são realizados por Bicicleta

* por Lincoln Paiva


Taxa de Motorização não impacta na Mobilidade Urbana Sustentável

Como um país com uma taxa de motorização tão alta, algo em torno de 1,5 (o equivalente a 1,53 pessoas para cada carro) consegue ter uma Mobilidade fantástica, ótima qualidade de vida, níveis reduzidos de poluição?

Para você ter uma idéia, a Cidade de São Paulo tem taxa de Motorização de 1,8 ( 1,8 pessoas para cada carro) menor do que Freiburg, mas nem é preciso dizer porque temos 200 km de congestionamentos quase que diarimente. Mas se você não sabe e ainda anda de carro todos os dias na cidade, deveria saber.

Em Freiburg basta dar apenas uma pequena volta no centro da cidade (de preferência a pé) para obter a resposta, mas se você ainda tem dúvidas e gostaria de mais explicações como eu, então precisa falar diretamente com o Prefeito da Cidade, eu consegui uma audiência através de uma negociação realizada pela Green Mobility.


Em 1969, Freiburg desenhou um plano de mobilidade urbana para a cidade. Já naquela época, eles previram que uma taxa de motorização crescente poderia provodar um verdadeiro caos numa cidade Medieval como a deles, o desafio era: como preservar a história da cidade e sem comprometer o desenvolvimento da cidade?

Eles fizeram um plano de Mobilidade para 2020, com a estimativa de crescimento e desenvolvimento, imaginando integração modal e quantidade ideal para a divisão modal da cidade na seguinte ordem:

Notem que a meta para 2020 foi batida em 1999.

A divisão modal de Freiburg permite obter uma mobilidade extremamente sustentável, sem altos custos de infraestrutura para a cidade. Eles possuem mais de 420 km de ciclovias e o transporte público consegue atender a demanda de transportes em períodos de inverno, pois além dos VLTs (que atende 90% dos bairros), tem um ótimo serviço de trens, rede de ônibus que atendem bairros mais afastados e ainda possuem uma rede de Car-sharing bastante eficiente integrado ao "Bilhete único" da cidade.


Basta olhar o número de bicicletas estacionadas (em dia normal) que você percebe porque a cidade de Freiburg é considerada uma das cidades mais Sustentáveis do Mundo, imagine se todas estas bicicletas fossem carros?


Era tanta bicicleta que era impossível ver o final do estacionamento...

Agora, se você acha que a topografia de São Paulo é acidentada, faz muito calor ou muito frio, é porque você não conhece Freiburg, uma cidade que tinha tudo para ser uma catástrofe em relação a Mobilidade, no entanto, a população quis uma cidade diferente.

Que cidade você quer viver?



Comentário do blog:

O texto mostra que Freiburg começou a planejar um novo modelo de Mobilidade para a cidade em 1969. Também foi nessa época que Copenhague, capital da Dinamarca resolveu resgatar aos pedestres os espaços que antes eram dominados por automóveis. Hoje, estas cidades estão colhendo seus frutos e se mostrando para o mundo como exemplos de cidades do futuro.

É muito comum ouvirmos a população e os próprios gestores públicos maceioenses dizerem que “Maceió não foi uma cidade planejada”, para continuar justificando todos os problemas de Mobilidade Urbana que temos. Mas quando é que vamos parar de repetir isso e vamos começar a planejar?

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Reunião define novas ações para o VLT


CBTU confirma a chegada da primeira unidade do veículo ainda este mês

Representantes da Prefeitura de Maceió e da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) se reuniram, na manhã desta segunda-feira (08), para definir as próximas ações da obra de implantação do Veículo Leve sobre trilhos, o VLT. O superitendente da CBTU, José Denilson, justificou que a obra está parada por conta de ajustes necessários e que só aparecem com o andamento do projeto.

“Vamos continuar a obra na proporção e a primeira etapa deve estar pronta até o início de 2011. Estamos analisando junto à prefeitura, quanto será necessária a desocupação do espaço por parte dos feirantes. Com a finalização de primeira etapa, podemos dizer que 1/3 do projeto está pronto”, disse.

Quanto à chegada da primeira unidade do VLT, o superintendente afirmou que a empresa fabricante confirmou para o final deste mês. “Serão oito unidades até o final do projeto. Estamos ansiosos para a chegada da unidade. É mais um avanço”, emendou.

José Denilson afirmou que Maceió não tem estrutura para receber o VLT sem uma adpatação prévia do espaço. “Será necessário pelo menos 15 metros de distância em trechos da linha férrea. Faremos muro de contenção para garantir a segurança dos passageiros e do veículo”, disse.

Segundo o secretário adjunto da Secretaria Municipal de Infraestrutura, Daniel Eugênio, uma ação conjunta das secretarias em parceria com a CBTU deve ajustar o que ainda está pendente com relação à obra. “Temos ainda a questão social dentro do projeto. A retirada dos feirantes do local não é tarefa fácil. A feira está no espaço há muito tempo. É necessário alocar os comerciantes em espaços onde eles tenham a garantia da comercialização do produto com segurança” – explicou.

Segundo o secretário de planejamento do município, Márzio Delmoni, as reuniões são para definir com propriedade como se dará as próximas etapas do projeto. “A medida em que a obra vai sendo executada, surgem novas situações. Vamos avaliar e decidir que medidas devem ser adotadas daqui pra frente”, finalizou o secretário.


Fonte: GazetaWeb

domingo, 7 de novembro de 2010

Os “acidentes” de trânsito



O que é o acidente? E o que é o trânsito?

Segundo o dicionário Houaiss, “acidente” é um acontecimento casual, fortuito, inesperado. Ainda segundo o mesmo dicionário, “trânsito” é o simples ato de transitar, a circulação de pessoas ou a passagem de um lugar a outro. Portanto, um acidente de trânsito é quando alguém está se deslocando de um lugar a outro e algo de inesperado acontece. Inesperado!

As aspas utilizadas no título desta postagem são justamente para questionar se podemos continuar chamando de “acidente” algo que acontece corriqueiramente. Já não são previstos os altos números de mortos nas estradas em qualquer feriado prolongado? Já não são comuns os “acidentes” ocorridos nas madrugadas da cidade, quando as pessoas passam a noite enchendo a cara e depois voltam para suas casas dirigindo máquinas de 2 toneladas, em alta velocidade?








Costumamos ficar chocados quando sabemos que algum avião caiu no Brasil. Pensamos até em não viajar por algum tempo pensando que podemos ser os próximos. Mas como muitos já devem saber, o avião é o segundo transporte mais seguro que existe. O primeiro é o elevador.




Por que os transportes sobre pneus matam tanta gente? Por um simples fator: o ser humano. Tanto no transporte aéreo, como no transporte ferroviário (nos países desenvolvidos) ou aquático, os veículos são dotados de uma série de computadores que trabalham incessantemente para evitar a falha, da qual o ser humano é tão passível.

Em outra postagem, mostramos que, durante a introdução dos primeiros veículos motorizados nas cidades inglesas, o Red Flag Act limitava a velocidade em 3,2 km/h e obrigava que uma pessoa fosse à frente do veículo abanando uma bandeira vermelha para avisar sobre seu perigo. Com isso, os transportes rodoviários passaram por um bom período de estagnação naquele país, enquanto a lei esteve em vigor, por mais de 30 anos. Enquanto isso, nas demais potências europeias, a ausência dessa legislação e o desenvolvimento tecnológico aumentou gradativamente a velocidade do automóvel no meio urbano.

Primeiramente na cidade de Londres e, logo em seguida nas demais cidades europeias, as redes de bondes e metrôs tiveram grande avanço, até que a onipresença mundial do automóvel ditasse sua regra. Tal onipresença começou a ser contestada em algumas cidades europeias, a partir da segunda metade do século XX.

Enquanto a Europa já estava buscando se livrar da ditadura do automóvel nas cidades, nós brasileiros, influenciados pela cultura norte-americana, estávamos apostando no automóvel como o transporte do futuro. Foi na década de 1950 que o presidente Juscelino Kubitschek introduziu a indústria automotiva no Brasil e construiu Brasília, a cidade brasileira mais dependente do automóvel.

Há cerca de duas semanas, o tema dos “acidentes” de trânsito foi tratado pela TV Gazeta de Alagoas, que mostrou que, segundo estatística do Detran/AL, foram registrados mais de 4 mil acidentes no Estado, somente nos primeiros 8 meses de 2010.



Na mesma semana, uma reportagem do Jornal da Globo mostra que o pedestre é sempre o alvo mais fácil no trânsito de São Paulo. Segundo a reportagem, “no ano passado, quase metade das pessoas que morreram em acidentes eram pedestres.” Ou seja, mesmo que você chegue à conclusão que o carro é uma arma e decida deixar de utilizá-lo, você continuará sendo uma presa fácil.



No dia seguinte à reportagem do Jornal da Globo, o Jornal Nacional fez uma avaliação da aplicação da Lei Seca (sic), nos dois anos em que a lei está em vigor. Assim como o autor do blog Apocalipse Motorizado, não concordamos que seja dado à lei brasileira o mesmo nome que foi dado à lei que proibia a venda de bebida alcoólica nos EUA, nas primeiras décadas do século XX. Diferente dos EUA, no Brasil, ninguém está proibido de beber. O que é proibido é beber e conduzir. O óbvio!



Apresentamos todas essas reportagens apenas para embasar nossa proposta. Se já está provado que o motorista é o principal responsável pelos tais “acidentes”, não seria melhor se tirássemos do motorista essa responsabilidade? Não queremos tirar das pessoas o “direito” de dirigir, mas a “obrigação”, já que no Brasil, ao completar 18 anos, todo cidadão se vê obrigado a tornar-se um motorista.

Nós não temos a escolha. Nós não podemos dizer: “eu não quero dirigir, eu quero usar o transporte coletivo”. No Brasil, os serviços públicos (educação, saúde, transporte, etc) são vistos como algo de 2ª categoria, algo destinado às pessoas que não conseguiram tê-los de forma privada. E como as elites políticas não os utilizam, tanto faz se está bom ou ruim. Portanto, nas condições atuais, alguém que possa ter um carro, mas faça opção pelo coletivo, pode ser considerado um masoquista.

O que propomos é o mesmo que os maiores especialistas em transporte, do Brasil e do mundo, apresentam como solução para o trânsito nas cidades:

o investimento em transporte coletivo

Entenda investimento como tratar com seriedade, como o mais importante, como aquele que deve ser destinado a TODOS, e não apenas aos desfavorecidos que não conseguiram comprar o carro que é anunciado nas propagandas em 10 mil parcelas.

Cada ônibus circulando (apenas com passageiros sentados), são mais de 40 carros a menos congestionando as ruas e pondo em risco a vida de pedestres e outros motoristas. Não sendo obrigado a dirigir, você tem tempo livre para ler, olhar a paisagem, paquerar, conhecer outras pessoas ou até tirar uma soneca. Você pode sair na madrugada, beber à vontade e ter a certeza de que voltará para casa sem assassinar ninguém pelo caminho.

Substituindo 40 condutores (anônimos) por 1 profissional do volante, é muito mais fácil falar em responsabilidade. Um motorista profissional recebe treinamento especial para ocupar aquela função, muito além de um simples teste para habilitação. Além do mais, esse motorista terá 40 fiscais observando seu trabalho. As chances de erro dele são 40 vezes menores do que a de 40 inimigos, cada um no seu carro, na guerra diária do trânsito.

Contudo, sabemos que os ônibus não são a solução mais segura. Os bondes, por estarem presos a um trilho, apresentam infinitamente menores riscos de atropelamento aos habitantes da cidade. Porém, a comparação entre ônibus e bonde é assunto para outra postagem...

O que queremos promover aqui é apenas o fim da individualidade. Mas isto parece estar muito distante de acontecer no Brasil, principalmente em Maceió. Misturar ricos e pobres no transporte coletivo parece algo utópico. Os ricos continuam preferindo viver no apartheid social que o automóvel lhes proporciona. Continuam preferindo não viver a cidade, mas o seu mundinho de condomíniofechado-shoppingcenter-escritório-boutique. As consequências que esse fosso entre ricos e pobres pode trazer, a Revolução Francesa já nos mostrou.


Leia também:

- Três "Isabelas Nardoni" em uma semana

- Um avião cai a cada dois dias, e ninguém dá bola

- Menos carros significam menos fatalidades no trânsito

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Sesc Pedaladas da Saúde espera mobilizar 380 ciclistas


Em setembro foi celebrado em todo mundo o Dia Mundial Sem Carro, estimulando as pessoas a se libertarem do automóvel e redescobrirem novas formas de locomoção. Seguindo essa proposta, o Sesc Alagoas espera ocupar a orla de Maceió no próximo sábado (06), com 380 ciclistas pedalando pela saúde. A concentração começa às 8h no estacionamento em frente ao Hotel Enseada, na Pajuçara. A chegada será no Posto 07, na Jatiúca, próximo ao Hotel Jatiúca. As inscrições estão sendo feitas no Sesc Poço, das 09h às 13h e das 14h às 18h, e são gratuitas. As camisas excedentes serão disponibilizadas no local da concentração para inscrições de última hora.

Antes da invenção do automóvel os limites geográficos das cidades não cresciam mais do que as pessoas pudessem alcançar a pé ou com a ajuda de animais. No início do século 20, com a popularização do automóvel, as dimensões das cidades se transformariam profundamente. Henry Ford criou o processo da “linha de montagem”, possibilitando a produção em larga escala e baixo custo. Por causa disso, as cidades norte-americanas e, posteriormente, as brasileiras sofreram grande mudança na organização espacial.

O que na época era solução, hoje se transformou em um problema. Quilômetros de congestionamento se formam diariamente nas grandes cidades pois a quantidade de carros circulando é maior do que o trânsito pode suportar com fluidez. Por causa disso, ativistas no mundo inteiro levantam a bandeira do uso da bicicleta. Além de não causar congestionamentos, o uso dela não polui e ainda propicia atividade física para o ciclista.


SERVIÇO:
Sesc Pedaladas da Saúde
Data: 06 de novembro (sábado)
Local: concentração em frente ao Hotel Enseada (Pajuçara) e chegada no Posto 07, na Jatiúca
Horário de concentração: 08h
Inscrições: gratuitas. Podem ser feitas no Ginásio de Esportes – Sesc Poço (Rua Pedro Paulino, 40, Poço), das 09h às 13h e das 14h às 18h ou no local do evento.
Mais informações: 0800 284 2440 e 2123-2463


Fonte: Sesc Alagoas.

Sobre George Orwell e a ideia de que deslocamento já é trabalho


Dia desses ganhei de presente um livro de um dos meus jornalistas/escritores preferidos: Eric Arthur Blair, mais conhecido entre os chegados como George Orwell. É clichê gostar tanto do cara? É, mas o bicho é bom mesmo, então tá tudo bem. O livro se chama O caminho para Wigan Pier e se trata de uma série de textos jornalísticos sobre condições de vida da classe trabalhadora inglesa nas primeiras décadas do século passado. Para nosso desespero, o texto é estupidamente atual, em especial quando aborda a vida caseira e alguns tipos de trabalho como o dos mineradores.

E é no capítulo sobre os mineiros que está o motivo para eu vir aqui neste domingo eleitoral. Ao descrever com rigorosa exatidão o processo de trabalho, Orwell não se limita a olhar o momento em que o mineiro opera as máquinas para quebrar e recolher o carvão. Antes, conta passo a passo, literalmente, o caminho em que os trabalhadores devem fazer até chegar ao ponto de extração, tendo de andar agachados em túneis quilométricos de um metro e meio de altura, com toda conseqüência dolorosa que esse esforço pode proporcionar. [Só de pensar, meus joelhos e minha nuca já doem. E não rolava relaxante muscular!] Com a clareza absurda que nos falta neste fim de primeira década dos anos 2000, Orwell compreendeu (na década de 1930) o cerne da argumentação de quem defende o financiamento do transporte coletivo com um viés de classe, de distribuição adequada das riquezas da sociedade. Ao observar este momento de caminhada dos mineiros, comparou o deslocamento do trabalhador "de cima", o que pega o metrô para a City. Naturalmente, percebeu que este momento do deslocamento não é remunerado e que este deslocamento ao local de trabalho já é o trabalho propriamente dito. Acrescento o drama que é, por conta da tarifa no transporte, esse deslocamento não ser apenas não-remunerado, mas cobrado. Como no lema do Partido (Liberdade é escravidão), do clássico 1984 também de Orwell, a liberdade de deslocamento na prática é a escravidão do trabalhador e da trabalhadora. Convence o povo a pagar pelo transporte que o leva a gerar a riqueza da elite é o nosso próprio duplipensar.

Mas voltemos ao Caminho de Wigan Pier, lendo um trecho do livro:

“O que quero destacar é o seguinte: falamos desse negócio terrível de ter que andar abaixado no trajeto de ida e volta, o que para uma pessoa normal já é uma tarefa duríssima, e, no entanto ele não é considerado parte do trabalho do mineiro, em absoluto; é apenas um extra, tal como a viagem diária de metrô de um funcionário da City de Londres. O mineiro vai e vem dessa maneira, e entre a ida e a volta há sete horas e meia de trabalho bruto, feroz. Nunca percorri muito mais que um quilômetro e meio até chegar ao veio de carvão, mas muitas vezes são quase cinco quilômetros, e nesse caso eu e a maioria das pessoas que não são mineiros de carvão jamais conseguiríamos chegar até lá. Quando se pensa em uma mina de carvão, se pensa na profundidade, no calor, na escuridão, em figuras enegrecidas escavando a parede da rocha com suas picaretas, mas não se pensa, necessariamente, nesses quilômetros de trajeto que é preciso percorrer agachado. Há também a questão do tempo. O turno de trabalho de um mineiro, de sete horas e meia, não parece muito longo, mas é preciso acrescentar pelo menos uma hora para o trajeto subterrâneo ­– com freqüência duas horas e às vezes até três. É claro que o trajeto não é, tecnicamente, trabalho, e o mineiro não é pago pelo tempo assim gasto; mas é como se fosse um trabalho.”

É um trabalho, evidentemente. Quanto e o que se deixa de fazer neste tempo de ida e volta em que o trabalhador e a trabalhadora pagam para trabalhar? Ler mais, passar mais tempo com amigos e familiares; jogar bola, fazer músicas, estudar, curtir a praia, andar com o cachorro etc. etc. A lista é infinita. Mas não, se gasta este tempo, duas, três, quatro horas diárias para ir ao trabalho, em ônibus, metrôs e trens. Ok, é preciso ir trabalhar. Mas pagar por isso já é demais!

Sem mais delongas: tarifa zero financiada pelos patrões e George Orwell já. Fica a dica.


Fonte: TarifaZero.org.

Produção de bicicletas vai subir 7,5%

O aumento da renda, a expansão do crédito e o trânsito impeidoso nos centros urbanos devem alavancar neste ano a produção de 5,7 milhões de bicicletas no Brasil.

A previsão da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Mononetas, Bicicletas e Similares), se for confirmada, representará crescimento de 7,5% sobre as 5,3 milhões de unidades fabricadas no ano passado.

Nominalmente, o setor deverá subir acima da expansão do PIB, que pela previsão do Banco Central vai fechar 2010 com incremento de 7,3%.

Foi neste ambiente de otimismo econômico que foi realizada, até ontem, a 5ª Edição da Bike Expo Brasil, na Expo Center Norte, em São Paulo.

Andar com a magrela há muito tempo deixou de ser apenas um lazer ou prática de esportes, de acordo com o presidente da Sampa Bikers, Paulo de Tarso. Ele afirma que a bicicleta é o meio de transporte próprio mais popular nos pequenos centros urbanos com menos de 50 mil habitantes, que representam mais de 90% das cidades brasileiras.

"O maior uso da bike é para ir ao trabalho e, depois, à escola", afirma Tarso. Motivos não faltam para a expansão deste mercado. No engarrafamento da capital paulista, por exemplo, enquanto os automóveis andam de cinco a oito quilômetros por hora, a bicicleta pode rodar numa velovidade de 15 quilômetros.

Não é atoa que o Brasil já ocupa a terceira posição no raking dos países que mais fabricam bicicletas por ano. Perde apenas para China, com 80,7 milhões de unidades por ano e Índia, com 11,6 milhões.

O Ministério da Cidade estima que atualmente circulam cerca de 60 milhões de bicicletas pelo País, o que daria uma bike para cada três habitantes, ou duas vezes o total de 29 milhões de carros em circulação.

Tarso avalia que cerca de 70% dos modelos apresentados na exposição deste ano são inéditos. "Além do show de novidades, a Bike Expo é a oportunidade para examinar os avanços e tendências futuras da indústria ciclistica quanto à tecnologia, design e o grande sucesso da Europa, que são as bicicletas elétricas, tão ansiosamente aguardados pelo público", ressalta o dirigente da organizadora do evento.

A Bike Expo Brasil é uma feira estritamente de negócios, destinada a empresários do setor. "Uma loja para lojistas", comenta Mardarida de Oliveira, diretora da exposição.

Fonte: Diário do Grande ABC