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sábado, 24 de setembro de 2011

O Dia Mundial Sem Carro de 2011


A semana que passou foi bastante movimentada para os participantes da Bicicletada de Maceió. Na terça-feira (20), foi realizado o 1º Desafio Intermodal de nossa cidade. A iniciativa já acontece há vários anos em diversas cidades brasileiras e, este ano, chegou a Maceió.





O evento consiste em percorrer um trajeto pré-definido, na hora do rush, utilizando diversos modais diferentes, para ser feita uma avaliação comparativa entre o tempo gasto por cada um, levando também em consideração a eficiência energética e a poluição emitida por cada modal de transporte.





Dez voluntários participaram do desafio: duas pessoas a pé, duas de bicicleta, três de carro, uma de táxi, uma de moto e uma de ônibus. Clique na imagem abaixo para ver o resultado do desafio:



Apesar de a motocicleta ter chegado um minuto antes da primeira bicicleta, ela não pode ser considerada uma vencedora. Podemos observar que a poluição emitida por ela é mais do que o dobro da poluição emitida por um automóvel. Além do que, a despesa da bicicleta é igual a zero e os benefícios para a saúde são imensos.





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Na quinta-feira (22), aconteceu mais uma edição do Dia Mundial Sem Carro – DMSC em Maceió. Em comparação com 2009 e 2010, este foi o ano que teve o menor engajamento dos ciclistas. Aqueles que se fizeram presentes realizaram uma panfletagem, na Praça Centenário, com os motoristas que se dirigiam ao trabalho, lembrando-os da data.



Quanto mais se aproximava das 8h da manhã, o trânsito de automóveis ia ficando mais congestionado. De lá, os ciclistas seguiram, em meio aos carros, em direção à rua Cincinato Pinto, no Centro, onde a Prefeitura de Maceió desenvolvia suas ações alusivas ao dia.



A cada janela aberta, os ciclistas aproveitavam para entregar um panfleto ao motorista e lembrar que se ele escolhera a bicicleta, em vez do carro, não estaria preso naquele congestionamento. Alguns motoristas recebiam (e até pediam) o panfleto com curiosidade sobre o que se passava, enquanto outros eram bastante hostis, chegando a acusar os ciclistas de estarem provocando todo aquele congestionamento.

Ao chegar à rua Cincinato Pinto, os ciclistas descobriram que todo aquele congestionamento estava sendo gerado, não apenas pelo excesso de carros na cidade, mas pela ausência dos agentes de trânsito na orientação dos motoristas, já que os mesmos realizavam, naquele momento, um protesto pelo assassinato de um colega.

Muitos motoristas mostravam desconhecimento da data do DMSC. Além de termos prevenido a Prefeitura sobre a ineficácia de se fechar a rua Cincinato Pinto (já que as ações desenvolvidas naquela rua ficam restritas justamente a pessoas que não utilizam o automóvel), acreditamos que houve pouca divulgação para a população sobre o DMSC.




Algumas faixas foram fixadas na avenida Fernandes Lima informando sobre o DMSC e outras avisavam sobre o fechamento da rua Cincinato Pinto. Porém, como elas estavam intercaladas, poucas pessoas fizeram relação de uma informação com outra. Algumas pessoas pensaram que a Cincinato Pinto seria fechada para recapeamento ou alguma obra de saneamento.



Acreditamos que, para o sucesso do DMSC, é necessário o verdadeiro engajamento do prefeito da cidade. A Prefeitura, entendendo os problemas que os automóveis trazem para o meio urbano, deve “remar contra a correnteza” da vontade das pessoas de utilizar o automóvel e oferecer alternativas (como o transporte público de qualidade ou infraestrutura para o uso da bicicleta com segurança) para que as pessoas possam deixar o carro em casa.

Se fosse realmente vontade da Prefeitura a redução do número de automóveis na cidade, o prefeito deveria ter ido à TV, no horário das novelas da Globo, durante toda a semana, alertando os motoristas a buscarem alternativas no 22 de setembro. Em outras cidades, no DMSC, o prefeito vai trabalhar de bicicleta ou utilizando o transporte coletivo. Na véspera do DMSC, o senador Eduardo Suplicy foi ao Senado de bicicleta como forma de lembrar a data.

Também deveriam ser criadas facilidades, mesmo que apenas para aquele dia (para servir de exemplo), para o uso da bicicleta e do transporte coletivo. Sugerimos que uma via de grande fluxo (como a Fernandes Lima) fosse bloqueada para os automóveis, porém liberada aos coletivos, às bicicletas e aos veículos de emergência. Infelizmente, a Prefeitura não nos deu ouvido e, apesar dos usuários de bicicleta não ficarem presos em congestionamento, os usuários de transporte coletivo foram extremamente prejudicados no DMSC, precisando abandonar o ônibus no meio do caminho e seguir a pé até o trabalho.

O DMSC não deve ser um dia para causar o caos na cidade. Muito pelo contrário. Propondo que as pessoas deixem o carro em casa, pelo menos naquele dia, busca-se mostrar como a cidade seria mais agradável com menos carros circulando. Fica então a pulga atrás da orelha: será que esse caos que a Prefeitura provocou, obtendo grande antipatia dos motoristas, não seria intencional?

Em futuras edições, provavelmente, os motoristas não receberão o DMSC como uma data para reflexão, mas com grande rejeição.

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Ao final do DMSC, os ciclistas participaram do tradicional passeio noturno. Saindo do Corredor Vera Arruda (na Jatiúca), percorreram diversas ruas da cidade e fizeram uma pausa na Praça dos Martírios (no Centro).



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Veja também:

- Bicicleta é alternativa para trânsito caótico de Maceió, por Jornal Extra Alagoas

- No Dia Sem Carro, avenidas de Maceió ficam lotadas de veículos, por Gazetaweb

- Dia Mundial Sem Carro é marcado por trânsito caótico em Maceió, por Tudo Na Hora

- Dia Sem Carro: congestionamento em vários pontos da cidade, por Alagoas 24 Horas

- Chamada ao vivo sobre o Dia Mundial Sem Carro, por TV Gazeta

- No DMSC, o Centro de Maceió viveu mais um dia caótico, por TV Pajuçara

- Dia Mundial Sem Carro, por Esporte Campeão

- Warnes na ruas : Ciclistas no Dia Mundial Sem Carros, por Warner Oliveira

- Sátira do CQC sobre a participação dos políticos no DMSC de São Paulo



sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Desafio Intermodal e Dia Mundial Sem Carro


Na próxima terça-feira (20/09/2011), realizaremos o primeiro Desafio Intermodal de Maceió. A iniciativa já acontece há vários anos em diversas cidades brasileiras e, este ano, chegou a Maceió.

O evento consiste em percorrer um trajeto pré-definido, na hora do rush, utilizando diversos modais diferentes, para ser feita uma avaliação comparativa entre o tempo gasto por cada um, levando também em consideração a eficiência energética e a poluição emitida.

A largada será às 7h30, na porta do Ibama (na Gruta de Lourdes). A chegada será na Praça dos Martírios (no Centro). Nessa primeira edição, serão contabilizados os seguintes modais:

a) a pé b) bicicleta c) motocicleta d) automóvel e) táxi f) ônibus

Para a realização do evento, precisamos de voluntários. Se você tiver interesse em participar, escreva para bicicletadademaceio@gmail.com informando nome completo, telefone e o modal que você pretende utilizar.

Você pode conhecer um pouco mais sobre o Desafio Intermodal de outras cidades buscando no Google.

Participe!

Contamos com sua colaboração!


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Na quinta-feira (22/09/2011), acontecerá mais uma edição do Dia Mundial Sem Carro. A iniciativa que surgiu na cidade de La Rochelle, na França, em 1998, espalhou-se por outras cidades europeias e de todo o mundo. A cada ano, mais cidades aderem ao Dia Mundial Sem Carro.

O objetivo da data é incentivar os motoristas a deixarem o carro em casa por pelo menos um dia no ano, com o intuito de provocar a reflexão sobre a dependência que nós (e nossas cidades) temos do automóvel. Com isso, deve-se buscar outras alternativas, como o transporte coletivo, a bicicleta ou o próprio caminhar, para então observar como nossa cidade seria mais agradável se mais pessoas aderissem à essa iniciativa também em outros dias do ano.


"se esses idiotas fossem de ônibus, eu já poderia estar em casa"


Para lembrar a data, nós, da Bicicletada de Maceió, pretendemos realizar uma panfletagem na Praça Centenário, a partir das 6 h da manhã. De lá, seguiremos de bicicleta para os eventos que serão desenvolvidos pela Prefeitura de Maceió, na rua Cincinato Pinto, e pelo Governo do Estado, na orla marítima.

Veja um resumo da edição de 2010 do Dia Mundial Sem Carro.

Participe!

Tente se libertar do carro por pelo menos um dia no ano!





terça-feira, 6 de setembro de 2011

8ª reunião no Ministério Público


Aconteceu, na manhã de hoje (06), no edifício sede do Ministério Público Estadual, a oitava reunião para tratar da implantação de infraestrutura cicloviária na cidade de Maceió e demais rodovias do estado de Alagoas.

Para essa ocasião, foram convocados os secretários José Pinto de Luna (SMTT), Mozart Amaral (SEMINFRA) e Márzio Delmoni (SEMPLA), com o intuito de firmar o Termo de Ajustamento de Conduta – TAC proposto pelo promotor Max Martins na reunião da última semana. O Sr. Mozart Amaral não compareceu e os demais secretários se fizeram presentes acompanhados do procurador-geral do município, Sr. Carlos Roberto Ferreira. Também participaram da reunião: um representante da Bicicletada de Maceió, um representante da Associação Alagoana de Ciclismo – AAC e um representante do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil.

O promotor Max Martins deu início à reunião apresentando as cláusulas propostas para o TAC, bem como o mapa apresentado, na última reunião, pelo representante da SMTT, Sr. José Moura Amaral. O promotor explicou que, na última reunião, os representantes das secretarias se disseram impossibilitados de assinar o TAC e, por isso, nessa ocasião, foram convocados os chefes das pastas.

O procurador-geral do município, Sr. Carlos Roberto Ferreira, explicou que os técnicos das secretarias foram enviados para as reuniões anteriores e que a Prefeitura pretendia, antes de assinar o TAC, realizar reuniões internas para debater o seu teor. Segundo Ferreira, há questões referentes ao orçamento do município que precisam ser debatidas de maneira mais aprofundada.

O superintendente da SMTT, Sr. José Pinto de Luna, afirmou não ter conhecimento do estudo apresentado por José Moura na última reunião e disse que esse estudo não está no hall de prioridades do cronograma da SMTT. Luna disse que, nas duas reuniões que participou, desse total de oito, colocou-se favorável ao uso da bicicleta na cidade tendo para si dois objetivos principais: a inclusão de um representante dos ciclistas no Conselho Municipal de Transporte e a melhoria da ciclovia existente na orla marítima, bem como a recuperação da ciclovia da orla lagunar. Contudo, disse desconhecer o mapa apresentado por José Moura na última reunião.



O secretário municipal de planejamento, Sr. Márzio Delmoni, explicou que Luna não tem conhecimento das propostas do mapa porque as vias marcadas em vermelho estão licitadas diretamente pela Secretaria Municipal de Infraestrutura – SEMINFRA.

Luna se disse impossibilitado de assinar o TAC já que as exigências do mesmo perpassam as competências do órgão pelo qual responde, a SMTT. Luna disse que só pode responder pela SMTT, não pelo município como um todo e citou como exemplo a cláusula segunda:

CLÁUSULA SEGUNDA – Quanto às ciclovias em faixas vermelhas (que estão em fase de implantação - gráfico em anexo), se compromete o município de Maceió, até no máximo, final do ano de 2012, concluir suas implementações;

O promotor explicou que esse foi o motivo de terem sido convocados três secretários: para que cada um possa se comprometer com o que é de competência de sua secretaria. Luna argumentou que a SMTT tem carência de pessoal e não tem como cumprir o prazo sugerido de 30 dias. Luna disse também que a SMTT está se dedicando ao processo licitatório do transporte coletivo de Maceió e ao projeto do VLT na avenida Fernandes Lima.

A promotora Denise Guimarães disse que a Prefeitura pode apresentar sua sugestão de prazo. O procurador-geral do município, Sr. Carlos Roberto Ferreira, disse que a Prefeitura pretende se reunir para apresentar uma proposta de TAC a ser avaliada pelos promotores. O promotor Max Martins sugeriu o prazo de 15 dias para que a Prefeitura apresente tal proposta, o que foi aceito pelos presentes.

Daniel Moura, representante da Bicicletada, lembrou que, nessa reunião, está-se tratando de vidas humanas e que, a cada prorrogação de prazo, mais e mais vidas são tiradas no trânsito pela omissão do poder público municipal. Daniel leu para os presentes o que diz o artigo 1º do Código de Trânsito Brasileiro – CTB:

Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do território nacional, abertas à circulação, rege-se por este Código.

§ 3º Os órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito respondem, no âmbito das respectivas competências, objetivamente, por danos causados aos cidadãos em virtude de ação, omissão ou erro na execução e manutenção de programas, projetos e serviços que garantam o exercício do direito do trânsito seguro.

Daniel disse que lamenta a ausência da vereadora Heloísa Helena nessa reunião, já que a mesma foi a proponente desse ciclo de reuniões que vêm acontecendo. Segundo Daniel, os participantes da Bicicletada só se fizeram presentes nessas reuniões por terem sido convidados pela vereadora, já que não é o perfil da Bicicletada cobrar ações dos gestores públicos. Ele explicou que o objetivo da Bicicletada não é demandar ações do poder público, mas esclarecer a sociedade sobre os benefícios de uma cidade menos dependente do automóvel e mais favorável ao transporte coletivo de qualidade e ao trânsito seguro de ciclistas e pedestres.




Daniel citou como exemplo a lentidão do processo licitatório do transporte coletivo de Maceió, que vem se arrastando desde 2007 entre decisões judiciais e recursos da Prefeitura de Maceió, que não tem interesse em resolver o problema definitivamente. Para Daniel, se a Prefeitura não se sensibiliza em melhorar o transporte coletivo, que é usado pela maioria da população, como poder-se-ia esperar que favorecesse a bicicleta, que é uma demanda de meia dúzia de pessoas esclarecidas, já que a maioria dos usuários de bicicleta gostaria mesmo de se ver livre dela e ter sua moto ou seu carro.

Márzio Delmoni disse que a Prefeitura não pode ir contra o governo federal, já que o mesmo estimula a compra de automóveis. Luna disse saber que o automóvel é o grande vilão das cidades e se colocou simpático ao estímulo ao uso da bicicleta. Daniel disse que ouve Luna falar isso desde quando assumiu a SMTT, mas que infelizmente seu discurso não condiz com a prática. As obras e intervenções que a Prefeitura (não apenas a SMTT, mas a Prefeitura como um todo) vem realizando na cidade buscam estimular ainda mais o uso do automóvel e continuam excluindo a bicicleta do espaço viário, como se a mesma não existisse. Daniel citou como exemplo as obras que estão em andamento em ruas do bairro do Poço, onde ruas residenciais tranquilas serão convertidas em ruas de alto fluxo de automóveis e que a Prefeitura se negou a incluir a bicicleta na nova sinalização que as ruas receberão.

Daniel concluiu dizendo que não pretende mudar a maneira de pensar dos atuais gestores. Segundo ele, se os gestores atuais são favoráveis ao fomento do uso do automóvel é porque foram eleitos por pessoas que pensam como eles. Se quisermos mudar o quadro atual, deve-se esclarecer a sociedade. Esta sim, conseguindo enxergar uma outra possibilidade de cidade, terá força suficiente para exigir dos gestores a mudança. E, caso não cumpram sua exigência, eleger novos gestores com uma mentalidade diferente.

Após o debate, o promotor Max Martins leu a ata, pediu para que todos os presentes a assinassem e encerrou a reunião. Nenhuma data ficou agendada para uma nova reunião, comprometendo-se a promotora Denise Guimarães a entrar em contato assim que tiver uma data marcada.

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Veja um resumo das reuniões anteriores:

- 7ª reunião, 29/08/2011, no Ministério Público Estadual

- 6ª reunião, 18/08/2011, no DNIT

- 5ª reunião, 12/08/2011, no Ministério Público Estadual

- 4ª reunião, 01/08/2011, na SMTT

- 3ª reunião, 25/07/2011, no Ministério Público Estadual

- 2ª reunião, 13/07/2011, no Ministério Público Estadual

- 1ª reunião, 08/06/2011, no Ministério Público Estadual


sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Bicicletas na contramão (mas com segurança)


Em Paris, bicicleta não tem mão. Pelos menos não nas ruas de zonas 30, onde a velocidade máxima permitida é de 30 km/h. A grande maioria dos miolos dos bairros, delimitados por grandes avenidas, são zonas 30 em Paris. Como a velocidade é mais baixa e há sinalização indicando que bicicletas também podem transitar no sentido contrário à mão dos carros, fica bem menos perigoso – e muito mais prático – andar de bicicleta por lá. Basta saber em que direção seguir.

Permitir que bicicletas possam transitar na contramão com sinalização e controle de velocidade. Boa ideia, não?

Fonte: Cidades para Pessoas

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Em Maceió, a SMTT continua transformando ruas em sentido único com o intuito de dar mais espaço aos automóveis. Se as ruas de sentido duplo não comportam mais o crescente número de carros, logo a SMTT apresenta como solução a criação do que eles chamam de “binário”. Transferem o trânsito para uma rua paralela que, na maioria das vezes, era uma rua pacata e tranquila e que, possivelmente, fora esse o motivo da escolha de seus moradores por aquela rua.

Tal solução funciona apenas como um paliativo, já que a frota de automóveis continua a crescer e, com isso, mais e mais ruas deixarão de ser ruas estritamente residenciais para se transformar em vias de alto fluxo de automóveis. Dessa maneira, o poder público municipal não adota soluções concretas, como o estímulo ao transporte coletivo e à bicicleta (como determina o Plano Diretor de Maceió, em seu artigo 79, inciso II), e empurra o problema para as próximas gerações.

A SMTT chama de “ruas ociosas” aquelas que atualmente servem ao bem-estar dos moradores e que depois da alteração devem dar espaço ao “progresso” que acreditam ser trazido pelo automóvel. Contudo, ao transformarem ruas em sentido único, esquecem que por ali trafegam pessoas montadas em bicicletas que, por não disporem de um motor, não se encorajam a fazer os grandes arrodeios que são propostos para os automóveis.

Não faz sentido! Toda rua é, em sua essência, rua de sentido duplo. As pessoas transitam pelas calçadas nos dois sentidos. Se a lógica do carro fez a SMTT alterar o sentido da rua, transformando-a em mão única, não há porque as bicicletas serem obrigadas a seguir essa mesma lógica.

Com isso, pode-se observar que os ciclistas continuam trafegando nos dois sentidos mesmo quando as ruas são transformadas em sentido único. O que fazer? Em Paris, apresentamos o exemplo do início desta postagem. Não muito distante, em Quito, no Equador, já apresentamos, em outra postagem, a solução de ciclofaixa de sentido duplo em rua de sentido único. No Brasil, a omissão do poder público torna o ciclista um infrator. Numa colisão frontal, o motorista utilizará o argumento de que o ciclista trafegava na contramão e será absolvido de um possível assassinato.

E a SMTT, o que diz? Prefere não dizer nada e deixar tudo como está. Porém, com essa atitude, deixa de observar o que diz o artigo 1º do Código de Trânsito Brasileiro:

Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do território nacional, abertas à circulação, rege-se por este Código.

§ 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito.

§ 3º Os órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito respondem, no âmbito das respectivas competências, objetivamente, por danos causados aos cidadãos em virtude de ação, omissão ou erro na execução e manutenção de programas, projetos e serviços que garantam o exercício do direito do trânsito seguro.

§ 4º (VETADO)

§ 5º Os órgãos e entidades de trânsito pertencentes ao Sistema Nacional de Trânsito darão prioridade em suas ações à defesa da vida, nela incluída a preservação da saúde e do meio-ambiente.

Por medo de errar, a Prefeitura se omite, mas não percebe que sua omissão já é um erro. Como bem coloca o filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard: “Não tomar uma decisão já é uma decisão. Não fazer uma escolha já é uma escolha.”