Foi anunciada hoje, na imprensa, a possível mudança da sede da Câmara de Vereadores da Praça Deodoro, no Centro, para o bairro do Tabuleiro do Martins. Esse é um assunto bastante discutido entre os vereadores, que em sua maioria apoiam a ideia, em diversas sessões da casa.
A principal razão apontada pelos vereadores seria a falta de estacionamento e a dificuldade de acessar o Centro (de carro). Ora, o Centro ainda é um bairro com uma das melhores acessibilidades na cidade. Inúmeras linhas de ônibus convergem para o Centro, além de estar próximo (cerca de 5 km) de bairros bastante populosos, como Jacintinho e Vergel e, em processo de adensamento, como a Ponta Verde e o Farol.
A Praça Deodoro, bem como todo o calçadão do Centro, e o próprio edifício sede foram reformados recentemente. O VLT de Maceió funcionará, em breve, fazendo a ligação do Centro aos bairros da periferia e da Região Metropolitana de Maceió. Também não se pode deixar de mencionar o valor histórico do bairro do Centro e o papel das repartições públicas na preservação do patrimônio arquitetônico. Não estaria havendo uma dissonância entre os órgãos de planejamento urbano da Prefeitura de Maceió, que pretendem "trazer vida" ao Centro, e os Vereadores, que pretendem "fugir" do Centro?
É sabido que as razões para a Universidade Federal de Alagoas – UFAL ficar tão distante do centro da cidade tem intenções militares que, à época da ditadura, queriam evitar a formação de motins, por parte dos estudantes, que pudessem contrariar o regime. Consegue imaginar como seria diferente a vida na cidade se a UFAL ficasse na região central? A atual distância prejudica a vida de milhares de estudantes que precisam realizar deslocamentos pendulares todos os dias, além de isolar a universidade da própria sociedade.
Não queremos nos posicionar favoráveis ou contrários à mudança da Câmara de Vereadores. A mudança pode beneficiar uma parcela da população, como pode prejudicar uma outra parcela. O que queremos mostrar aqui é o processo de descentralização (ou pulverização) que a lógica do automóvel provoca na cidade.
Depois que o automóvel entope todas as ruas de um bairro, tornando-o um inferno para aqueles que o utilizam para se delocar, logo procura-se outra região da cidade para ser o "novo vetor de crescimento" (expressão que as imobiliárias gostam muito de usar). Como não há qualquer sinal de reestruturação do transporte coletivo, dificulta-se a acessibilidade daqueles que o utilizam. E, para os que se deslocam a pé ou de bicicleta, as distâncias ficam cada vez maiores e cada vez mais difíceis de serem vencidas, tornando a cidade dependente do motor.
Para beneficiar meia dúzia de vereadores (os que realmente comparecem às sessões) que se deslocam de carro, tornaremos mais difícil o acesso de milhares de maceioeneses que se deslocam a pé, de bicicleta e de ônibus. Na sua opinião, quem deve bater o martelo sobre a mudança da Câmara de Vereadores?
a) o prefeito, que quer dar um presente aos vereadores depois de ter sido vetado (por parte do Ministério Público) o aumento salarial pretendido pelos mesmos;
b) os vereadores, que talvez não estejam tão interessados na participação da população em suas sessões que, quanto mais "escondidas", melhor;
c) o povo, que é a quem a Câmara de Vereadores deve servir e que paga, através de seus impostos, para que ela funcione.
Apenas para concluir: a Câmara de Vereadores deve facilitar a vida do cidadão que deseja acompanhar e fiscalizar a atividade de seus representantes ou a opção que os vereadores fizeram pelo automóvel? Já que, para eles, transporte, saúde e educação pública devem ser destinados apenas aos pobres, não a eles.
Se alguém tiver algo a se opor à mudança, a hora de reclamar é agora, porque, depois, vão dizer que a obra já foi licitada e não tem mais como voltar atrás.
Leia mais:
- Almeida acena com construção de nova sede da Câmara
A principal razão apontada pelos vereadores seria a falta de estacionamento e a dificuldade de acessar o Centro (de carro). Ora, o Centro ainda é um bairro com uma das melhores acessibilidades na cidade. Inúmeras linhas de ônibus convergem para o Centro, além de estar próximo (cerca de 5 km) de bairros bastante populosos, como Jacintinho e Vergel e, em processo de adensamento, como a Ponta Verde e o Farol.
A Praça Deodoro, bem como todo o calçadão do Centro, e o próprio edifício sede foram reformados recentemente. O VLT de Maceió funcionará, em breve, fazendo a ligação do Centro aos bairros da periferia e da Região Metropolitana de Maceió. Também não se pode deixar de mencionar o valor histórico do bairro do Centro e o papel das repartições públicas na preservação do patrimônio arquitetônico. Não estaria havendo uma dissonância entre os órgãos de planejamento urbano da Prefeitura de Maceió, que pretendem "trazer vida" ao Centro, e os Vereadores, que pretendem "fugir" do Centro?
É sabido que as razões para a Universidade Federal de Alagoas – UFAL ficar tão distante do centro da cidade tem intenções militares que, à época da ditadura, queriam evitar a formação de motins, por parte dos estudantes, que pudessem contrariar o regime. Consegue imaginar como seria diferente a vida na cidade se a UFAL ficasse na região central? A atual distância prejudica a vida de milhares de estudantes que precisam realizar deslocamentos pendulares todos os dias, além de isolar a universidade da própria sociedade.
Não queremos nos posicionar favoráveis ou contrários à mudança da Câmara de Vereadores. A mudança pode beneficiar uma parcela da população, como pode prejudicar uma outra parcela. O que queremos mostrar aqui é o processo de descentralização (ou pulverização) que a lógica do automóvel provoca na cidade.
Depois que o automóvel entope todas as ruas de um bairro, tornando-o um inferno para aqueles que o utilizam para se delocar, logo procura-se outra região da cidade para ser o "novo vetor de crescimento" (expressão que as imobiliárias gostam muito de usar). Como não há qualquer sinal de reestruturação do transporte coletivo, dificulta-se a acessibilidade daqueles que o utilizam. E, para os que se deslocam a pé ou de bicicleta, as distâncias ficam cada vez maiores e cada vez mais difíceis de serem vencidas, tornando a cidade dependente do motor.
Para beneficiar meia dúzia de vereadores (os que realmente comparecem às sessões) que se deslocam de carro, tornaremos mais difícil o acesso de milhares de maceioeneses que se deslocam a pé, de bicicleta e de ônibus. Na sua opinião, quem deve bater o martelo sobre a mudança da Câmara de Vereadores?
a) o prefeito, que quer dar um presente aos vereadores depois de ter sido vetado (por parte do Ministério Público) o aumento salarial pretendido pelos mesmos;
b) os vereadores, que talvez não estejam tão interessados na participação da população em suas sessões que, quanto mais "escondidas", melhor;
c) o povo, que é a quem a Câmara de Vereadores deve servir e que paga, através de seus impostos, para que ela funcione.
Apenas para concluir: a Câmara de Vereadores deve facilitar a vida do cidadão que deseja acompanhar e fiscalizar a atividade de seus representantes ou a opção que os vereadores fizeram pelo automóvel? Já que, para eles, transporte, saúde e educação pública devem ser destinados apenas aos pobres, não a eles.
Se alguém tiver algo a se opor à mudança, a hora de reclamar é agora, porque, depois, vão dizer que a obra já foi licitada e não tem mais como voltar atrás.
Leia mais:
- Almeida acena com construção de nova sede da Câmara
1 comentários:
Essas estratégias de descentralização, como já citadas no texto, são antigas e um do maiores exemplos desse formato é a própria SMTT que é longe do centro da cidade a fim de conter maiores manifestações, como as contrárias ao aumento da passagem de ônibus. Em resumo a alternativa "B" é a que me parece mais cabível nesse caso.
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