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sábado, 1 de outubro de 2011

40ª Bicicletada de Maceió


Aconteceu, na última sexta-feira (30), a 40ª edição da Bicicletada de Maceió. Assim como ocorreu na 39ª edição, apenas quatro pessoas se fizeram presentes no encontro mensal dos ciclistas da cidade.



Mesmo em número reduzido, incapaz de criar uma massa crítica de bicicletas no trânsito, os poucos presentes seguiram pela Av. Fernandes Lima, em meio ao imenso congestionamento de automóveis, panfletando com os motoristas e tentando mostrar-lhes outra possibilidade de cidade, mais humana e agradável de se viver.


panfleto entregue pelos ciclistas


Porém, o constante esvaziamento da Bicicletada de Maceió nos deixa uma certa inquietude: se há um número tão grande de pessoas utilizando a bicicleta em Maceió (o que é perfeitamente visível para qualquer um que queira ver), por que essas pessoas não se reúnem para cobrar seu espaço na cidade, como é comum acontecer em outras cidades?

Será que devemos acreditar no comentário que recebemos da Sra. Patrícia Gomes, na postagem da última Bicicletada?

Patrícia Gomes:
Já passei por esse tipo de questionamento qdo militei em alguns movimentos (sindical e feminista)e qdo conheci a bicicletada senti um sopro de esperança sobre meu coração insatisfeito. Com o que vejo neste post, me amedronto. Fico temerosa de estar certa, de Maceió não ser uma terra de revolução, mas de pasto. De gado.

Será mesmo que Maceió não é uma terra de revolução? E se for verdade, manter-nos-emos nessa inércia para sempre? Até quando devemos continuar aceitando que pessoas sejam assassinadas no seu percurso casa-trabalho simplesmente porque escolheram um meio de transporte que só traz bem para a saúde e para a cidade? Até quando devemos continuar aceitando a ideia de que o transporte público (assim como os demais serviços públicos) são destinados aos “losers” e que cada cidadão precisa comprar seu próprio automóvel para congestionar e poluir ainda mais nossa cidade? Até quando devemos continuar aceitando que nossas calçadas sejam tratadas como espaços privados por parte do poder público, que pouco se importa em saber que há cidadãos (como os portadores de necessidades especiais) que sequer conseguem exercer seu direito de ir e vir?

São essas injustiças que continuam fazendo com que continuemos persistindo com a Bicicletada em Maceió, mesmo que depois de 3 anos de existência ela não consiga reunir pouco mais do que 3 ciclistas num único dia do mês.

Gostaríamos de saber a opinião daqueles que, apesar de não participarem, ainda dedicam seu tempo à leitura deste blog. Na sua opinião:

a) A que se deve o esvaziamento da Bicicletada de Maceió?

b) Por que conseguimos juntar mais de cem ciclistas em “passeios” noturnos, mas não conseguimos nem 10% dessa quantidade quando convidamos as pessoas para exercerem sua cidadania?

c) Será que podemos acreditar que cidadania se resume apenas a ir às urnas de dois em dois anos, apertar alguns botões e esperarmos, sentados em casa, que tudo melhore?

d) O que poderia ser feito para a Bicicletada de Maceió ter uma maior adesão dos ciclistas ou daqueles que simplesmente sonham com uma cidade melhor?

Comente!

Sua opinião é extremamente importante para o futuro da Bicicletada e da cidade onde você mora.


9 comentários:

Anônimo disse...

Prezados amigos,

Dentre os motivos que provocam o esvaziamento da Bicicletada de Maceió, acredito que o mais preponderante seja a ausência de novos membros assíduos. Permitam que eu explique melhor. No passado havia uma grande rotatividade de participantes, mas existia um número fixo de participantes assíduos que somados aos participantes eventuais, resultava em um número expressivo de ciclistas reivindicando melhorias no espaço urbano. Em razão de novos compromissos que se vai assumindo ao longo da vida e das necessidades do núcleo familiar, aqueles assíduos participantes do passado se tornaram faltosos e (infelizmente) não surgiram novos colaboradores assíduos para preencher essa lacuna. E mais, observando a história recente do nosso país, onde houve todo um trabalho e doutrinamento para se perder o hábito (e ter vergonha) de reivindicar, seja lá o que for, bem como os valores equivocados das novas gerações (o que importa é o Eu, o coletivo nunca), temos como resultado da equação o esvaziamento de todos os movimentos sociais.

Acredito que o número expressivo de participantes nos passeios noturnos, seja motivado pela ausência de algum tipo de comprometimento. Quem pedala nos grupos de pedal noturno, não o faz pelo sentimento de pertencer a determinado grupo ou estar engajado em algum objetivo coletivo, o faz por motivos pessoais. Dentro do grupo terá mais segurança em relação ao trânsito e aos assaltos, terá um momento de alívio das tensões do dia a dia, estará proporcionando melhorias a seu condicionamento físico, ou seja, benefícios individuais sem compromissos maiores.

Cidadania é algo bastante complexo, é até difícil encontra uma definição que consiga abranger toda a sua amplitude. Com certeza cidadania não se restringe a ir às urnas, e a população só comparece em razão da obrigatoriedade, caso essa não existisse a grande maioria só iria se vislumbrasse alguma vantagem pessoal. Estamos vivendo a era do “Eu”, as pessoas cada vez mais se movem em busca de objetivos estritamente pessoais, é a chamada “inteligência umbilical”, conscientemente só enxergam o próprio umbigo.

O que fazer para ter mais participantes na Bicicletada? Uma pergunta difícil. Inicialmente sugiro ver o que está acontecendo em outras cidades, marcar reuniões com aos antigos e os novos participantes, em seguida traçar novas estratégias. Tudo é dinâmico, a Bicicletada de Maceió está entrando em uma nova fase, apesar do esvaziamento nas ações de rua ela continua fortalecida e reconhecida pela sociedade, só precisa inovar.

Cordiais saudações,
Alexandre.

Esmeralda disse...

Caros amigos,
compreendo e participo da angústia do pequeno grupo de resistência. Li, num autor que fala sobre o exercício do poder, que nação e democracia são construções sociais e, portanto,devem ser ensinadas e aprendidas. Vocês estão, com a resistência, "ensinando" democracia para uma sociedade com "déficit" de socialização. Vai levar tempo para essa sociedade deficitária aprender, porém continuem ensinando.
Meu apoio, minha solidariedade, mesmo não sendo ciclista, mas sendo cidadã.

Mayra disse...

Acho que falta divulgação e fazer um convite mais incisivo

Ricardo Ciclista disse...

faltou contactar o pessoal da ACC.. que deu muito mais gente!!!

Anônimo disse...

Na verdade isso foi por causa da briga entre OS ORGANIZADORES DOS CICLISTAS DE MACEIO E O PESSOAL QUE AJUDAVA ANTIGAMENTE NA ORGANIZAÇÃO QUE AGORA FAZ PARTE DA ASSOCIAÇAO ALAGOANA DE CICLISTAS...

Anônimo disse...

Não sou a pessoa mais abalizada para falar sobre o assunto, mas seguem minhas considerações sobre os questionamentos, sob a ótica de quem participou apenas uma vez da Bicicletada.

Não creio que houve um esvaziamento da Bicicletada. Acho que, como todo movimento, a Bicicletada sofre com a sazonalidade de seus participantes pelos mais diversos motivos, entre eles o horário em que ocorre. A despeito disso penso que este é um bom horário visto que é o momento em que a fluidez do trânsito fica prejudicada, o que possibilita o desenvolvimento do trabalho de conscientização realizado pelo grupo.

É notório que os passeios noturnos juntam mais ciclistas que a Bicicletada. Concordo com a colega Isadora quanto ao caráter lúdico da atividade e penso que este mesmo caráter deve ser levado para o movimento.

Cidadania também é lutar por condições que favoreçam a prática da bicicleta como meio de transporte. Para isso que o movimento existe. No silêncio do poder público cabe a nós cobrar essas medidas e conscientizar as pessoas da importância deste modal.

A adesão poderia ser maior se instituições como a Associação Alagoana de Ciclismo (AAC) apoiassem a causa. Não vi apoio algum no panfleto entregue pelos ciclistas.

É possível atrair atenção para um projeto quando se tem nele pessoas conhecidas do público. É o caso do “Criança Esperança” da Rede Globo. Em resumo é um programa que arrecada doações em dinheiro para projetos com crianças e adolescentes. Já reparou quem está pedindo as doações? São cantores, atores, repórteres e apresentadores famosos. Dessa forma eles conseguem atingir a finalidade do programa.

Trazendo para a Bicicletada, poderíamos ter o próprio prefeito, governador ou outra autoridade do nosso lado, porém seria um “tiro no pé” deles mesmos uma vez o próprio poder público não fornece o transporte coletivo de qualidade nem a infraestrutura adequada para os ciclistas. Quem sabe um jornalista, um repórter, um radialista, um esportista, alguém que o alagoano admire e respeite? Poderíamos convidar alguém influente para participar do movimento a cada mês.

E o que dizer do público que realmente usa a bicicleta como meio de transporte? Público esse que às vezes nem participa dos passeios, muito menos do movimento. São trabalhadores da construção civil, dentre outros que poderiam ser convidados a engrossar esse caldo.

Vamos colocar a cabeça para funcionar e embalar esse movimento que não pode parar. Eu apóio essa causa.

Moacir Pedrosa

Anônimo disse...

Olá pessoal,

os comentários sobre o esvaziamento da Bicicletada estão muito bons, para enriquecer um pouco mais, encaminho o link abaixo que soma ao que foi dito pelo Moacir.

http://www.bikemagazine.com.br/2011/10/pedalada-rio-de-janeiro-tera-presenca-de-artistas-amantes-da-bicicleta/

Cordiais saudações,
Alexandre.

Claudio Moura disse...

Pessoal, eu não sou a pessal ideal para dizer o que deveria ou não ser feito. Há pelo menos 4 anos venho pedalando com o grupo fomentador da bicicletada e nunca compareci em nenhuma delas. Sempre participei de movimentações maiores, e até menores como o DI, mas nunca da bicicletada mensal. No meu caso específico, sempre tive um grande problema com o horário delas, tanto no sábado (anteriormente) ou na sexta. Não estou falando do horário, afinal não existe melhor hora para tentar mostrar às pessoas da importância do transporte alternativo, mas estou falando do dia mesmo.

Concordo plenamente com os emails enviados anteriormente, e adiciono que, infelizmente, teríamos que deixar esse dia mais atrativo. Porque não fazer a manifestação e depois partir para um pedal? Assim teríamos pessoas que participariam dos pedais mais engajadas ou ao menos conhecedoras da causa. Bem, posso estar falando besteira ou mesmo algo difícil de acontecer, mas acho muito válido qualquer tipo de discussão. Quem sabe tentar criar 2 grupos, um na parte alta e outro na parte baixa. Como alguém falou anteriormente, porque não tentar levar isso para os ciclistas da AAC? Porque não procurar saber da existência de grupos na parte alta da cidade (os que mais sofrem com a falta de infraestrutura)?

O que acho é que a bicicletada, direta ou indiretamente nasceu (ou cresceu) vinculada a existência dos Ciclistas de Maceió (mesmo tentando-se sempre manter a imagem separada) e, infelizmente, os ciclistas não possuem mais a força que tinham.

Da minha parte, reconheço a minha ausência e vou me planejar melhor para participar das próximas bicicletadas.

Também concordo com um possível debate para discutir alternativas, mesmo que sejam poucas pessoas participantes.

E sinceramente, nunca me senti tão confortável em participar da bicicletada porque, infelizmente, uso muito o carro para fazer meus trajetos. Ou pela distância, ou pela correria do dia a dia, com horários curtos entre uma cosia e outra e, PRINCIPALMENTE, pela falta de segurança no trânsito e por medo de roubos. Por exemplo, eu moro na parte alta da cidade e minha namorada mora na parte baixa. Como é que eu iria sair da casa dela às 23 hrs de um dia de semana e subir sozinho a ladeira da rodoviária, do extra ou outra? É roubo certo. Sempre que posso utilizo minha bicicleta ou mesmo vou correndo/andando, mas isso não é na itensidade que eu queria. Com que cara eu estaria militando, cobrando ou tentando concientizar quem estivesse nos carros? Como eu poderia cobrar se, logo após terminar a bicicletada eu iria voltar para minha casa para pegar meu carro para poder sair na sexta-feira à noite?

Bem, como falei, estamos aí para maiores discussões.

Abraços.

Lucas Amorim disse...

Claudio,

Também não tenho participado das bicicletadas por falta de tempo ou de organização minha mesmo, e vou procurar resolver isso. No entanto, achei interessante as suas últimas colocações sobre o fato de ser usuário de carro e portanto não poder participar do movimento. Permita que eu dê minha opinião.

Acredito que a ideia é mostrar às pessoas que o transporte individual motorizado não é o caminho a se trilhar daqui para frente. Sabemos que este transporte é quase indispensável no nosso dia-a-dia atualmente devido a falta de infraestrutura para o uso da bicicleta e de investimento em transporte coletivo de qualidade, que é justamente o que a bicicletada busca: Uma cidade mais humana e que dê vez àqueles que não querem usar o carro.

Não acho que usar o carro seja o nosso erro, afinal não temos muita escolha a curto prazo, fomentá-lo ou aceitá-lo como a única solução é que é. O importante é estarmos conscientes, e passar essa idéia para os outros, de que não é nem de longe a maneira ideal de se locomover. Somente com a população e o poder público consciente do problema é que ele poderá ser solucionado.

Ser usuário de carro não o torna nem mais e nem menos digno de participar do movimento. Mas a sua vontade de mudar é que é importante.

Esta não é a opinião da bicicletada, mas sim a minha. Mas pela breve convivência com os colegas do movimento, acredito que pensem mais ou menos assim. De qualquer forma fiquem a vontade para criticar, sugerir, ameaçar etc... :D

Abraços!
Lucas Amorim

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