(tradução livre de artigo publicado na edição 42 da revista Carbusters)
A pequena comunidade de Vauban, na periferia de Friburgo, sudeste da Alemanha, é um bom exemplo de como a participação dos cidadãos é fundamental para reduzir a pegada ecológica. Com a ajuda de programas de compartilhamento de automóveis, políticas de restrição de estacionamento e uma excelente infraestrutura de transporte público e bicicletas, a cidade de Friburgo, junto com o Fórum Vauban, criou uma comunidade onde o uso do automóvel se restringe ao necessário.
Vauban, até o momento da reunificação alemã, era uma base do exército francês. Concebida como uma base militar, seu “desenho urbano” jamais foi pensado para acomodar o uso do automóvel particular: suas ruas serviam apenas como pequenas passagens entre as instalações.
Quando os militares franceses deixaram o local, em 1992, os habitantes de Vauban ganharam uma área relativamente construída de 41 hectares e a administração planejou demolir tudo e construir um novo empreendimento imobiliário.
Um grupo de estudantes, adultos solteiros e cidadãos desempregados decidiu ocupar partes de Vauban, protestando contra o novo empreendimento e estabelecendo uma comunidade baseada nos princípios da auto-organização e do baixo custo. Eles começaram a se chamar de SUSI: sigla para Ocupação Independente e Auto-Organizada. Depois de longas negociações com o governo, os ocupantes conseguiram construir quatro prédios e converter as instalações militares em moradia para mais de 260 pessoas, utilizando o espaço também para áreas de lazer, postos de trabalho e diversão – tudo livre de carros.
O Projeto SUSI consistiu em um experimento de modos alternativos de vida e planejamento: o objetivo era construir formas sustentáveis de vida e trabalho. Construir de maneira ecológica, econômica e livre de carros foi a maneira de alcançar uma comunidade sustentável e socialmente integrada.
As moradias do Projeto SUSI ocupavam apenas uma pequena parte de Vauban. A utilização dos 38 hectares remanescentes foi submetida à consulta pública pelo Fórum Vauban, que convenceu as autoridades inicialmente céticas a respeito da importância de manter a área livre de carros. O Fórum Vauban funcionava como “braço jurídico” da participação popular e foi co-responsável pelo desenho urbano que viria abrigar os novos habitantes.
A construção da nova Vauban começou em 1998, tendo como base a utilização de soluções ecológicas para eletricidade e saneamento. Uma usina movida a gás e serragem fornece energia para dois terços de Vauban; painéis solares cobre o resto da demanda. Um sistema de drenagem foi construído em todo o distrito.
A organização do sistema de transporte parte de um princípio diferente: em vez de controles e penalidades, eles escolheram dicas e políticas comuns. As alternativas sustentáveis devem ser atrativas: tarifas baixas para o transporte público e custo bastante alto para o estacionamento de automóveis, rotas para bicicletas que levam a todos os lugares e vagas de estacionamento de carros localizadas apenas em garagens na periferia.
A ideia de uma sociedade livre de carros desempenhou papel central na constituição de Vauban, mas o termo “sem carros” é raramente utilizado. O uso individual do automóvel é que é o problema e os programas de compartilhamento de veículos são estimulados.
Os residentes das partes livres de carro de Vauban devem assinar uma declaração anual de posse ou não de um automóvel. E se eles possuem um carro, devem comprar uma vaga em uma das garagens da periferia. As vagas são cobradas de acordo com o custo real desta infraestrutura: o preço de uma vaga ultrapassa os 17 mil Euros, além de uma cobrança mensal pela manutenção.
Vauban não é uma comunidade livre de carros, mas uma comunidade que faz um uso racional destes. Uma pesquisa realizada em 2000 detectou que 54% dos habitantes possuíam automóveis, mas que apenas 16% das viagens eram feitas utilizando este veículo.
Ainda que Vauban não seja livre de carros, existe uma outra área de Friburgo que é: desde 1971 a cidade vem fazendo investimentos massivos em áreas para pedestres, infraestrutura cicloviária e transporte coletivo. Desde 1984 todo o centro histórico é completamente livre de carros.
Hoje a população de Vauban excede os 5 mil habitantes. Famílias com crianças vivem próximas umas das outras em prédios com 4 ou 5 andares, utilizando ônibus para ir à escola ou ao trabalho juntas e, vez ou outra, compartilhando um carro para fazer compras de volumes maiores. Desde 2006 existe uma linha de bonde conectando Vauban e o centro de Friburgo e o desenvolvimento de novos conjuntos habitacionais segue em curso.
A pequena comunidade de Vauban, na periferia de Friburgo, sudeste da Alemanha, é um bom exemplo de como a participação dos cidadãos é fundamental para reduzir a pegada ecológica. Com a ajuda de programas de compartilhamento de automóveis, políticas de restrição de estacionamento e uma excelente infraestrutura de transporte público e bicicletas, a cidade de Friburgo, junto com o Fórum Vauban, criou uma comunidade onde o uso do automóvel se restringe ao necessário.
Vauban, até o momento da reunificação alemã, era uma base do exército francês. Concebida como uma base militar, seu “desenho urbano” jamais foi pensado para acomodar o uso do automóvel particular: suas ruas serviam apenas como pequenas passagens entre as instalações.
Quando os militares franceses deixaram o local, em 1992, os habitantes de Vauban ganharam uma área relativamente construída de 41 hectares e a administração planejou demolir tudo e construir um novo empreendimento imobiliário.
Um grupo de estudantes, adultos solteiros e cidadãos desempregados decidiu ocupar partes de Vauban, protestando contra o novo empreendimento e estabelecendo uma comunidade baseada nos princípios da auto-organização e do baixo custo. Eles começaram a se chamar de SUSI: sigla para Ocupação Independente e Auto-Organizada. Depois de longas negociações com o governo, os ocupantes conseguiram construir quatro prédios e converter as instalações militares em moradia para mais de 260 pessoas, utilizando o espaço também para áreas de lazer, postos de trabalho e diversão – tudo livre de carros.
O Projeto SUSI consistiu em um experimento de modos alternativos de vida e planejamento: o objetivo era construir formas sustentáveis de vida e trabalho. Construir de maneira ecológica, econômica e livre de carros foi a maneira de alcançar uma comunidade sustentável e socialmente integrada.
As moradias do Projeto SUSI ocupavam apenas uma pequena parte de Vauban. A utilização dos 38 hectares remanescentes foi submetida à consulta pública pelo Fórum Vauban, que convenceu as autoridades inicialmente céticas a respeito da importância de manter a área livre de carros. O Fórum Vauban funcionava como “braço jurídico” da participação popular e foi co-responsável pelo desenho urbano que viria abrigar os novos habitantes.
A construção da nova Vauban começou em 1998, tendo como base a utilização de soluções ecológicas para eletricidade e saneamento. Uma usina movida a gás e serragem fornece energia para dois terços de Vauban; painéis solares cobre o resto da demanda. Um sistema de drenagem foi construído em todo o distrito.
A organização do sistema de transporte parte de um princípio diferente: em vez de controles e penalidades, eles escolheram dicas e políticas comuns. As alternativas sustentáveis devem ser atrativas: tarifas baixas para o transporte público e custo bastante alto para o estacionamento de automóveis, rotas para bicicletas que levam a todos os lugares e vagas de estacionamento de carros localizadas apenas em garagens na periferia.
A ideia de uma sociedade livre de carros desempenhou papel central na constituição de Vauban, mas o termo “sem carros” é raramente utilizado. O uso individual do automóvel é que é o problema e os programas de compartilhamento de veículos são estimulados.
Os residentes das partes livres de carro de Vauban devem assinar uma declaração anual de posse ou não de um automóvel. E se eles possuem um carro, devem comprar uma vaga em uma das garagens da periferia. As vagas são cobradas de acordo com o custo real desta infraestrutura: o preço de uma vaga ultrapassa os 17 mil Euros, além de uma cobrança mensal pela manutenção.
Vauban não é uma comunidade livre de carros, mas uma comunidade que faz um uso racional destes. Uma pesquisa realizada em 2000 detectou que 54% dos habitantes possuíam automóveis, mas que apenas 16% das viagens eram feitas utilizando este veículo.
Ainda que Vauban não seja livre de carros, existe uma outra área de Friburgo que é: desde 1971 a cidade vem fazendo investimentos massivos em áreas para pedestres, infraestrutura cicloviária e transporte coletivo. Desde 1984 todo o centro histórico é completamente livre de carros.
Hoje a população de Vauban excede os 5 mil habitantes. Famílias com crianças vivem próximas umas das outras em prédios com 4 ou 5 andares, utilizando ônibus para ir à escola ou ao trabalho juntas e, vez ou outra, compartilhando um carro para fazer compras de volumes maiores. Desde 2006 existe uma linha de bonde conectando Vauban e o centro de Friburgo e o desenvolvimento de novos conjuntos habitacionais segue em curso.
3 comentários:
muito legal a cidade! creio q o Brasil esteja MUITISSIMO longe de alcançar esse nível! quem sabe jogando uma bomba no país e o rescontruindo depois, a gnt consiga!
Pra mudar também depende de você
Ádila, não é preciso jogar bomba. Há muitas cidades do interior de Alagoas que se assemelham mais com Freiburg do que com uma metrópole. Nessas cidades, na maioria das vezes, a população anda a pé ou de bicicleta. Quem anda de carro é apenas o prefeito, seus secretários e os vereadores. Mesmo assim, a infraestrutura continua focada no carro. É só mudar o foco.
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