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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

75ª Bicicletada de Maceió

   
Aconteceu, na noite de hoje (29), a 75ª edição da Bicicletada de Maceió. Nós nos reunimos a partir das 18h em nosso tradicional ponto de encontro, em cima do viaduto Aprígio Vilela, no Farol. O candidato a deputado estadual, Bispo Filho (PSB), havia nos contatado previamente e pedido para conversar com os participantes da Bicicletada sobre uma de suas propostas de campanha, referente ao “Projeto de Lei do Planejamento Cicloviário”.

        
Bispo Filho (PSB) compareceu e apresentou sua proposta, além de discutir sobre a possibilidade de realização de uma palestra com Fabiano Faga Pacheco, cicloativista do estado de Santa Catarina. Ao final de sua fala, agradecemos sua presença e explicamos que a Bicicletada consiste de um movimento apartidário, no entanto, nossos membros têm liberdade de pensamento político, somos abertos ao diálogo com quaisquer partidos e organizações que queiram conhecer as ideias do movimento. Inclusive, já debatemos com membros do Partido Comunista Brasileiro (PCB) em outro momento; já participamos de debate realizado pelo Partido dos Trabalhadores (PT); participamos de debate realizado pelo DCE/UFAL, onde dividimos mesa com integrantes do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) e Partido Socialismo e Liberdade (PSOL); todos a convite. Também ouvimos as propostas dos candidatos a prefeito de Maceió nas eleições de 2012, no que se refere à Mobilidade Urbana, e participamos, a convite da vereadora Heloísa Helena (PSOL), de reuniões realizadas no Ministério Público Estadual, para tratar da necessidade de implantação de infraestrutura cicloviária na cidade. Além disso, já participamos de discussões no Coletivo Anarquista Resistência Popular, que possui uma proposta semelhante à do movimento Bicicletada, no sentido de entender que as mudanças necessárias à nossa realidade não partirão do Poder Político, nos moldes atuais, mas da própria sociedade.
 
Explicamos que a maneira de atuar da Bicicletada não é através da política partidária. Nossa atuação política é através do diálogo com a sociedade, mostrando caminhos para alcançarmos outro modelo de cidade, mais humana, mais justa, menos poluída. Sabemos que o movimento é pequeno para cobrar algo do poder público e, por isso, buscamos o apoio da sociedade, para que esta, com a força que tem, cobre dos gestores públicos aquilo que a Bicicletada propõe.


Bispo Filho agradeceu o espaço e se despediu do grupo, dizendo que não buscara votos, mas o início do diálogo com o movimento. Agradecemos sua presença e saímos para um rolé pela cidade.

 

Assim como fizemos na 74ª edição da Bicicletada, seguimos pela Av. Fernandes Lima, agrupados, ocupando a Faixa Azul, conforme solução “provisória” adotada pela SMTT em novembro de 2013, enquanto não se implanta uma ciclovia na avenida.


Tivemos apenas um incidente com o motorista do carro 7291 da empresa São Francisco que, irritado ao ver as bicicletas ocupando a Faixa Azul e, provavelmente não tendo passado pelo treinamento realizado por André Pasqualini, passou pelo grupo com duas rodas do ônibus na Faixa Azul e duas rodas na faixa adjacente, bem próximo às bicicletas, descumprindo o art. 201 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e colocando em risco nossas vidas.


Aproveitamos as paradas nos semáforos para entregar panfletos e mostrar cartazes aos motoristas, com o intuito de alertá-los sobre a necessidade de preservar a integridade física daqueles que optam por utilizar a bicicleta em seus deslocamentos.


Fomos até a Av. Rotary e retornamos também pela Av. Fernandes Lima. Na volta, fomos ameaçados por alguns motoristas de táxi que, mesmo tendo a faixa do meio e a da esquerda para trafegar, insistiam em passar tirando fino do grupo, ocupando metade da Faixa Azul, acelerando violentamente seus carros, talvez com a intenção de demonstrar o poder de suas máquinas perante as bicicletas.


Seguimos até o centro comercial da cidade que, por não ter ocupação residencial, torna-se um deserto no período noturno. Fizemos algo impossível de se fazer no horário em que as lojas estão abertas: pedalamos pelo calçadão das ruas Moreira Lima e Do Comércio.
       
      
Passamos pela Praça D. Pedro II e rua Do Sol, subimos a ladeira Do Brito e retornamos ao ponto de encontro da Bicicletada, totalizando 10 km.


Antes do grupo que seguiria em direção à parte baixa da cidade partir, um suíço chamado Nikolas se aproximou de nós, entusiasmado ao ver as bicicletas, provavelmente por reconhecer algo que é tão comum em seu país. Enquanto ele provava o acarajé de Maceió, trocamos algumas palavras em português/inglês/alemão e demos algumas risadas para terminar bem a noite.

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Depoimento de uma das participantes sobre a Bicicletada de hoje:

"Gostaria de registrar minhas impressões sobre alguns acontecimentos simples, porém interessantes, ocorridos na noite de ontem, quando eu participava de mais uma edição da Bicicletada de Maceió.

Primeiramente, fiquei bastante feliz quando cheguei ao local de encontro e vi que havia mais participantes que o de costume, entre mulheres e homens, o que reforçou um sentimento de esperança. Em seguida, quando começamos a pedalar, fomos seguidos por um cachorro que, andando pela calçada ao nosso lado, latia pra qualquer um que se aproximava, como se quisesse nos proteger. Achei bonito porque os animais são sinceros e esse gostou mesmo da Massa.

O passeio transcorreu normalmente. Levamos fechada de ônibus, normalmente; algumas buzinadas e gritos sem motivo (a não ser o de conseguirmos existir fora de uma máquina), normalmente; também conversamos, rimos, mostramos cartazes, panfletos, demos legalzinho para motorista de ônibus simpático (coisa um tanto rara) e tudo o mais.

Ao retornar ao ponto de encontro, paramos para trocar ideias. Pouco depois, uma senhora (que, pela expressão de sua face, também poderia ser uma bruxa do mal) aborda uma colega, que estava com parte da roda traseira de sua bike em cima da faixa de pedestres, e pede para que ela se afaste para dar passagem, tudo bem. Mas, o que me impressionou é que a mesma senhora não se incomodou quando, logo em seguida, o motorista de seu carro (seu marido, talvez) o estacionou em cima da mesma faixa de pedestres e em frente à rampa de cadeirante.

Na sequência, o homem liga o alerta e sai do veículo, acompanhando a senhora na degustação de um acarajé, sentados em bancos de plástico de fronte para seu veículo de luxo. Ficamos observando de soslaio o casal e presenciamos a cena em que o homem chuta um gato que dele se aproximara e o enxota com o banquinho em que estava sentado. Depois disso, aproxima-se do grupo um rapaz suíço, que diz em outras palavras: 'Que legal suas bicicletas!'"